Setor vinícola do Chile se mobiliza contra incêndios  

by José Maria Santana | 27/01/2017 21:36

 

As entidades que representam o setor vitivinícola do Chile se reuniram para fazer um balanço dos prejuízos causados pelos incêndios que atingem áreas rurais e florestais nas regiões centro e sul do país. Segundo comunicado oficial divulgado hoje pela Wines of Chile, o fogo destruiu 94 hectares de vinhedos nos vales do Maule, Maipo e Colchágua.

Não é muito, diante da superfície ocupada por vinhas no território chileno, que é de 141 mil hectares. Mas as queimadas atingiram principalmente pequenas propriedades, as mais desprotegidas, muitas das quais donas de vinhedos centenários. “Todo o setor vitivinícola está com eles e estamos tomando medidas concretas para identificar os problemas e apoiá-los na busca de soluções reais”, ressaltou o presidente de Wines of Chile, Mario Pablo Silva.

No Maule foram registrados prejuízos em 75 hectares de vinhedos, especialmente na zona costeira, incluindo antigas vinhas de Carignan e País; no Maipo, 10 ha, na área de Pirque; e em Colchágua, 7 ha, em Peralillo e Marchigue. De modo geral, estas terras ficam próximas a colinas e florestas, onde se concentra a maior parte dos incêndios.

Diante da situação, as associações estão mobilizadas para evitar que o fogo atinja outras regiões. Nenhum dano foi registrado nos vinhedos dos vales de Casablanca, Curicó, Itata e Bio-Bio, mas os produtores estão em alerta. Não houve relato de incidentes em Cachapoal

Os incêndios florestais no Chile não são incomuns, normalmente seguindo-se a períodos de seca prolongada. Este ano se mostram particularmente intensos e causaram a morte de 10 pessoas – entre elas, sete brigadistas e carabineiros. Começaram por volta de 15 de janeiro, com focos nas regiões centro e sul, de Coquimbo a Los Lagos. As áreas com maior intensidade foram as de O’Higgins, Maule e Bio Bio. Segundo o Centro Nacional de Alerta Temprana do Ministério do Interior chileno, de 15 a 26 de janeiro as queimadas atingiram 290 mil hectares de florestas, pastagens e áreas agrícolas.

Houve uma sequência de focos. As autoridades acreditam que muitos deles foram iniciados intencionalmente e tomaram grandes proporções por causa das altas temperaturas provocadas por sucessivas ondas de calor que atingiram o Chile nas últimas semanas. A isso se somam ainda a baixa umidade nesta época do ano e ventos com velocidade elevada. O primeiro incêndio, relatado no povoado de Pumanque, na região de Colchágua, foi considerado o maior da história do país.

 

Terremoto em 2010

Em 2010 o Chile enfrentou outra catástrofe natural. Na madrugada de 27 de fevereiro, um terremoto de magnitude 8,8 na escala Richter sacudiu o centro sul do país, envolvendo Valparaiso, Santiago, O’Higgins, Maule, Bio Bio e Araucania. Foi seguido por um tsunami que devastou muitas povoações litorâneas. O governo chileno contabilizou 525 mortos na tragédia e milhares de moradias destruídas.

O terremoto também trouxe muitos prejuízos para as vinícolas, principalmente nas regiões do Maule, Bio Bio e Itata, onde o governo decretou estado de emergência. Os produtores calcularam perda de 125 milhões de litros de vinho que estavam em barris ou já engarrafados.

Nas proximidades da cidade de Concepción, o tremor provocou danos em quase 40 vinícolas, que tiveram tanques e instalações destruídos. Entre elas, nomes conhecidos, como Carta Vieja, Casas Patronales, J. Bouchon, Terranoble, Via Wine, Canata e Calina. Mas com esforço e dinamismo os problemas foram superados e a vinicultura chilena logo recuperou sua capacidade de produzir grandes vinhos.

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