Ao comemorar 20 anos, Premium mostra novidades da Espanha, Itália, França e Alemanha

by José Maria Santana | 04/12/2018 21:52

Alguns vinhos do evento

A importadora Premium, com sede em Belo Horizonte e atuação em todo o país, está completando 20 anos de funcionamento. No final de 1998, os amigos mineiros Orlando Pinto Rodrigues Júnior e Rodrigo Assunção Fonseca, depois de longa viagem à Nova Zelândia, resolveram distribuir aqui os vinhos daquele país, então a bola da vez no universo vinícola. Durante algum tempo, a Premium era conhecida como especialista em brancos neo-zelandeses, que no Brasil poucos conheciam. Duas décadas depois, o portfólio da importadora cresceu e incorpora também rótulos da Espanha, Itália, Portugal, França, Alemanha, Chile, Argentina e Uruguai. Ao todo, são 114 produtores diferentes.

Para comemorar os 20 anos de estrada, no final de outubro os simpáticos Orlando e Rodrigo organizaram evento em São Paulo para apresentar as novidades do catálogo e safras recentes de vinhos já importados.  Muita coisa boa foi mostrada.

Orlando e Rodrigo sempre se interessaram por vinhos, mas antes se dedicaram a outras áreas. Orlando, formado em administração pela UFMG, fez carreira na construção civil até 1999. Agora, além do trabalho na importadora, ele tem atuado nos órgãos de classe brasileiros do setor, participando ativamente de ações de interesse de todos os que trabalham com bebidas no país.

Rodrigo, engenheiro eletricista também formado pela UFMG, trabalhou no ramo até 1996. Mas em 1988, junto com amigos, abriu em Belo Horizonte o charmoso restaurante Taste-Vin, de inspiração francesa, e logo se tornou chef de cozinha premiado. Para aprofundar seus conhecimentos sobre vinhos, Rodrigo foi aluno do programa educacional do renomado Institute of Masters of Wine, de Londres.

Premium: pequenos produtores

O foco da Premium é importar vinhos de pequenos e médios produtores, preocupados com a qualidade. Desde o início, a seriedade nos negócios e o alto nível do catálogo foram a marca da empresa. Todos os produtos são trazidos em contêineres climatizados e depois estocados em armazéns que contam igualmente com controle de temperatura. Hoje a empresa tem dois depósitos em Belo Horizonte e dois em São Paulo, onde possui ainda uma filial administrativa e comercial, chefiada pela sempre eficiente Jussara Durães.

Destacamos aqui alguns dos rótulos novos provados no evento de outubro, confirmando que Orlando e Rodrigo continuam com olho certeiro para garimpar ótimos tintos e brancos.

 

Collonara Lyricus Verdicchio dei Castelli di Jesi Classico Superiore 2017

Collonara – Marche – Itália – Premium – R$ 114,80 – Nota 90

Collonara é uma cooperativa criada em 1959 por 19 pequenos viticultores do Marche, região do Nordeste italiano, entre os montes Apeninos e o mar Adriático. Conta hoje com 110 associados, donos de 120 hectares de vinhedos cultivados de maneira sustentável. A cooperativa produz tintos, mas se destaca pelos brancos feitos com a uva Verdicchio. Seu Verdicchio dei Castelli di Jesi é o mais básico da linha e, mesmo assim, bastante agradável. Traz nos aromas cítricos, algo de maçã verde, toques vegetais e leve defumado. Delicado, com boa estrutura, mostra equilíbrio e grande frescor (12,5%).

 

Castillo de Enériz Crianza 2013

Castillo de Enériz – Navarra – Espanha – Premium – R$ 95,50 – Nota 90

A casa pertence à família Fernández de Manzanos, produtora de vinhos desde 1890. O grupo hoje possui 11 vinícolas, com vinhedos em Navarra e na vizinha Rioja. Em 2014, comprou uma nova adega em Enériz, perto de Pamplona, de onde sai este tinto expressivo, corte de 50% Garnacha, 30% Cabernet Sauvignon, 10% Merlot e 10% Tempranillo, afinado por 12 meses em barricas de carvalho francês e americano, além de um ano em garrafa. Lembra nos aromas tabaco e chocolate, em base de frutas a ameixa e cereja. A fruta madura se mantém na boca, onde tem corpo médio a intenso, taninos firmes e boa persistência (13%).

 

Paololeo Primitivo di Salento Biologico 2016

Cantine Paololeo – Puglia – Itália – Premium – R$ 122,80 – Nota 91

A vinícola da família Leo existe desde finais do século XIX perto de Brindisi, no coração de Salento, na Puglia, que fica no salto da bota formada pelo mapa italiano. Possuía no início 20 hectares de vinhedos. Nos anos 1950, as vinhas foram replantadas exclusivamente com as castas locais Negroamaro, Primitivo e Malvasia Nera. No final dos anos 1980 assumiu o comando da casa Paolo Leo, da quinta geração da família, dando início à Cantine Paolo Leo di San Donaci. Além de valorizar ainda mais as variedades autóctones, ele iniciou o manejo orgânico de parte da vinha. Em 1989, construiu nova e moderna adega. Hoje a empresa possui 50 ha de vinhedos, sendo 30% de cultivo orgânico. Os filhos de Paolo Leo já participam das atividades da empresa, entre eles o enólogo Nicola Leo. Seu Primitivo, de cultivo biológico, como indicado no rótulo, é um tinto sem passagem por madeira, que expressa toda a força da casta. Amora e cereja aparecem ao nariz, envolvendo notas de especiarias. Estruturado, encorpado, é frutado, limpo, macio, longo, sem excessos, o que o torna fácil e gostoso de beber (13,6%).

 

Bagual Vineyard Garnacha Field Blend 2014

Garage Wine – Maule – Chile – Premium – R$ 307 – Nota 92

Em 2001 os amigos enólogos Derek Mossman, Pilar Miranda e Alvaro Peña criaram sua vinícola, pretendendo produzir vinhos de grande qualidade em pequena escala, como os vinhos de garagem franceses que inspiraram o nome do projeto. Eles participam do Movi, o Movimento de Vinhateiros Independentes do Chile, e compram uvas de pequenos agricultores do Maule e do Maipo, geralmente de vinhas velhas, não irrigadas. Assim garimparam preciosidades como o vinhedo Bagual, que dá origem a este tinto. Fica em Caliboro, no Secano interior do Maule, próximo do Perquilauquen, um rio que corre das montanhas costeiras para o leste, em direção aos Andes, trazendo consigo o lodo granítico, base de solos aluviais bastante propícios para o cultivo de uvas. No campo de Bagual, o método de cultivo é ancestral, feito manualmente e com cavalos. A uva utilizada vem, como o rótulo menciona, de vinhas quase selvagens, plantadas em terreno árido com castas misturadas. No caso específico foi selecionada a Garnacha proveniente de clones da Catalunha espanhola, enxertada sobre pés da variedade chilena País. Um vinho com muita presença, que chama atenção desde o primeiro gole. Nos aromas aparecem figo, cereja e notas de tabaco. O estágio em barricas usadas não deixa traços de madeira, apenas ajuda a afinar o conjunto. Tem bom corpo, sem excessos, taninos firmes, maduros, vivacidade e frescor. Os cuidados especiais se estendem até às garrafas, que são pintadas e não usam cápsulas e sim selos de cera. Um grande vinho, que vai bem com pratos consistentes (14,5%).

Premium Wines – Site: premiumwines.com.br – Tel.: Belo Horizonte – (31) 3282-1588; São Paulo – (11) 2574-8303.

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