Piccini produz bons vinhos em três regiões da Itália

by José Maria Santana | 29/07/2019 16:00

Os vinhos da prova

Esteve mais uma vez em São Paulo, na semana passada, a diretora comercial da vinícola italiana Piccini, Deborah Provenzani, ótima ocasião para avaliar, também mais uma vez, os tintos e brancos elaborados pela casa. Em prova organizada pela importadora Vinci, de Ciro Lilla, foram analisados nove vinhos. A Piccini, com sede na Toscana, é atualmente a 25ª maior empresa vinícola italiana, destacando-se como a maior produtora de Chianti e Chianti Classico do país. Possui propriedades ainda na Basilicata e na Sicília.

A casa foi fundada em 1882 por Angiolo Piccini e sua mulher, Maria Teresa Totti, que compraram 7 hectares de vinhedos na comuna de Poggibonsi e começaram a produzir Chianti em fiaschi, aquelas garrafas bojudas antigas, envolvidas por palha.

A família Piccini, com as novas gerações

Hoje o grupo é comandado por Mario, Martina e Elisa Piccini, da quarta geração da família. Explora mais de 400 hectares de terras, dos quais 150 ha. de vinhedos, em cinco propriedades diferentes. A maior, Fattoria di Valiano, comprada em 1995 em Castelnuovo Berardenga, na zona do Chianti Classico, tem 230 hectares de terras, sendo 70 ha. ocupados pela vinha. Uma curiosidade: nos anos 1960 a azienda pertenceu ao ex-presidente da República da Itália Giovanni Gronchi – nome de avenida no bairro do Morumbi, em São Paulo.

A Tenuta Moraia, adquirida em 2000, fica igualmente na Toscana, na área costeira da Maremma, com 170 hectares de terra, dos quais 60 ha. de vinhedos. A outra propriedade toscana, com 12 ha., é a Villa al Cortile, em Montalcino, zona do Brunello. Fora dali, a família Piccini comanda a tenuta Regio Cantina, com 15 ha., na Basilicata, no sul da Itália.

A Villa al Cortile, em Montalcino

A última incorporação foi a tenuta Torre Mora, na área da denominação situada nas terras vulcânicas do monte Etna, na Sicília. No total, o grupo produz 20 milhões de garrafas de vinho por ano, a maior parte assinada pela enóloga Antonella Conti. Apenas de Chianti e Chianti Clássico são 7 milhões de garrafas anuais. Na década de 2000 foi lançada uma linha de Chiantis com rótulo laranja, que passou a ser um destaque da casa.

 

 

Os vinhos

Na prova realizada na sede da Vinci, em São Paulo, Deborah Provenzani apresentou, entre outros, um branco leve e interessante, a partir da uva Vernaccia di San Gimignano, da família da Trebbiano; um rosé da série Memoro; e um Rosso di Montalcino. Analisamos aqui quatro vinhos de diferentes faixas de preço.

 

Memoro Bianco n/v

Piccini – Itália – Vinci – R$ 118,50 – Nota 90

A série Memoro é produzida com um blend de uvas de diferentes locais, como se representassem a viticultura de toda a Itália. No caso do branco, é lote de 40% de Viognier colhida na Sicília; 30% de Viognier, do Trentino; 20% Vermentino, da Maremma; e 10% Pecorino, do Marche. Cada lote é vinificado em sua própria região e depois se faz a mistura. Por ser mescla de regiões e safras diversas, não indica o ano no rótulo. Um vinho gostoso, que traz ao nariz notas de pêssego, manga e mel. Seco, mostra estrutura, boa acidez e persistência, em um conjunto equilibrado (13%).

 

Mario Primo Toscana Rosso IGT 2015

Piccini – Toscana – Itália – Vinci – R$ 99,90 – Nota 88

Um tinto leve e jovem, fácil, um Chianti para tomar refrescado, pensado para atrair o consumidor iniciante. O corte inclui uvas tintas e brancas, como acontecia no passado. Mescla 80% Sangiovese, 10% de Canaiolo e Merlot e 10% das brancas Trebbiano e Malvasia. Merlot e Canaiolo entram no blend para deixar o vinho mais redondo e as brancas, para reforçar aromas. Não tem passagem por madeira. Traz boa fruta vermelha, taninos maduros, macios, persistência média. Nada que arranhe ou agrida. A garrafa é diferenciada, mais baixa e gorda. O nome faz referência ao Mario da 2ª geração da família, que consolidou e expandiu a vinícola na década de 1920 (12%).

 

Chianti Riserva DOCG 2014

Piccini – Toscana – Itália – Vinci – R$ 118,50 – Nota 90

Tinto macio e sedoso, com ótima acidez, bom para acompanhar comida. Corte de 90% Sangiovese, 5% Canaiolo e 5% Colorino, amadurece por 12 meses em barricas usadas de carvalho. Lembra nos aromas cereja e ameixa, com notas florais e de tabaco. Na boca tem corpo médio, taninos maduros, persistência média e final agradável. O preço é acessível, tratando-se de um Chianti Riserva desse padrão (13%).

 

Brunello di Montalcini Villa al Cortile DOCG 2013

Piccini – Toscana – Itália – Vinci – R$ 523,20 – Nota 92

Um tinto de gama alta, robusto e bem feito, 100% Sangiovese Grosso, com estágio de 20 meses em botti (tonéis grandes) e 4 meses em barricas pequenas de carvalho. Nos aromas há notas florais e de alcaçuz, em base frutada a cereja. Estruturado, seco, taninos maduros, elegante e persistente, está bom para tomar já, mas tem músculos para guarda (14%).

 

 

 

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