Bodega Tapiz, vinhos argentinos que vão além da Malbec
Estão de volta ao Brasil os vinhos da vinícola argentina Tapiz, desta vez trazidos pela Total Vinhos, de Tiago Dal Pizzol. Eles foram apresentados aos jornalistas especializados em 11 de dezembro, em uma degustação virtual conduzida pela proprietária da bodega, a médica Patricia Ortiz, e pelo enólogo Fabian Valenzuela.
Como as garrafas haviam sido entregues previamente nas casas dos convidados, foi possível provar em conjunto o Tapiz Classic Malbec 2019 e o excelente Tapiz Alta Collection Cabernet Franc 2018. Mais tarde, chegou o top Black Tears Malbec 2015.
A Tapiz, fundada em 2003, integra o grupo Fincas Patagonicas, que reúne também as bodegas Zolo e Wapisa/Patagonia Atlántica e o Club Tapiz Hotel&Restó, um misto de centro cultural vinícola, restaurante e hotel boutique. Com sede em Mendoza, o grupo administra 1.128 hectares de vinhedos, em 9 propriedades nas principais regiões argentinas, e produz cerca de 2,4 milhões de garrafas de vinho por ano.
Novo perfil
Na live, Patricia, que naquele momento estava na Patagônia, contou que ela e o marido, o advogado Jorge Ortiz, eram apaixonados por vinhos e decidiram produzir os próprios rótulos. Compraram antes um vinhedo em Lujan de Cuyo, zona histórica de Mendoza, e construíram lá uma adega, em 2000. Mas a vinícola só se consolidou em 2003, quando a família Ortiz adquiriu a bodega Tapiz, que a gigante norte-americana Kendall Jackson mantinha na Argentina, com vinhedos e instalações no vale de Uco, uma das regiões vinícolas em ascensão no país.
“Mudamos tudo lá”, contou Patricia. “Os vinhos eram muito simples, de nenhuma maneira parecidos com o que pretendíamos, e foram vendidos a granel”. De início, ela e o marido até abriram mão da marca Tapiz, achando que era desprestigiada. Preferiram lançar os primeiros vinhos com o nome Zolo.
No ano seguinte, repensaram a estratégia, recuperaram a marca Tapiz e deram novo perfil aos rótulos, pensados para as faixas de nível superior do mercado. Foram moldados pelo enólogo argentino Fabian Valenzuela, que tem 30 anos de experiência. A partir de 2012, a equipe ganhou um reforço de peso, a consultoria exclusiva do francês Jean Claude Berrouet, que por mais de 40 anos foi o enólogo responsável pelos vinhos do mítico Château Petrus, de Bordeaux.
A Medicina ficou para trás e hoje Patricia cuida apenas dos negócios do grupo, o que não é pouca coisa. Em Agrelo, Lujan de Cuyo, a família mantém a sede da vinícola Zolo, conhecida dos turistas pelos vinhos, pelos passeios de carruagem entre os vinhedos e visita ao espaço onde moram 40 llamas. Por isso a finca onde se situa também se chama Las Llamas, com 90 hectares. Nesta área o grupo detém outras duas propriedades – as fincas Don Javier, em Maipú (14 ha.); e El Jarillal, no Alto Agrelo (242 ha.).
A bodega Tapiz se localiza no vale de Uco, sudoeste de Mendoza, região de maior crescimento na Argentina atualmente e endereço de renomadas vinícolas. A empresa possui ali quatro campos, todos com manejo orgânico. São eles San Pablo (452 ha.) Las Uvas (30 ha.), Bella Vista (60 ha.) e Los Nogales (35 ha.), os três últimos a cerca de 1.100 m acima do nível do mar.
O maior deles, a Finca San Pablo, a 1.340 metros de altitude, no sopé dos Andes, encontra-se perto da cidade de Tupungato. Está entre os vinhedos mais altos de Mendoza, e do país.
A finca tem o mesmo nome da área em que se localiza, San Pablo, oficializada como Indicación Geográfica (IG) em setembro de 2019. Ali há alta radiação solar, pela altura elevada, e grande amplitude térmica, a desejada diferença de temperatura entre os dias quentes e as noites frias. Proporciona vinhos com intensidade de cor, aromas e acidez.
Recentemente a equipe da bodega fez análise destalhada do terreno de toda a propriedade, registrando grande diversidade de solos – com pedra, calcário, areia e argila. O campo San Pablo, sede da Tapiz, dá origem aos melhores vinhos da empresa, como a série premium Alta Collection e os tintos top Black Tears Malbec e o Las Notas de Jean Claude Berrouet, um excepcional Merlot.
No Norte da Argentina, na zona de Cafayate, nas alturas da província de Salta, a família Ortiz possui a Finca Río Yacochuya (85 ha.), plantada 2.000 m. acima do nível do mar.
Por fim, em 2017 o grupo implantou novo projeto na fria Patagônia argentina, no sul do país. A Bodega Patagonia Atlántica se localiza em San Javier, província de Rio Negro, a 40 km do Oceano Atlântico. Não tem vinhas próprias e sim contratos de largo prazo com terceiros. Mas os vinhos, com a marca Wapisa, são elaborados inteiramente pela equipe do grupo. Wapisa quer dizer baleia, na língua dos indígenas que habitavam a Terra do Fogo.
Ali, Patricia Ortiz realiza desde 2019 uma experiência interessante, o envelhecimento de vinhos sob as águas do mar. Ela quis provar se é verdade o que diz a ciência popular, que o envelhecimento de um vinho por um ano debaixo das águas é equivalente a 3 anos na adega. Patricia conta que se inspirou ao saber de uma reportagem sobre a descoberta, em 2010, de um navio naufragado há 170 anos, onde foram recuperadas garrafas de champagne em perfeito estado de conservação.
No projeto Wapisa Underwater, em parceria com a Universidade Comahue de Patagonia, 1.500 garrafas de um blend de Malbec, Cabernet Sauvignon e Merlot foram colocadas em engradados de aço inoxidável, com as rolhas protegidas por uma cobertura especial de cera, e submersas no Atlântico, nas águas do golfo de San Matias, a profundidades de 6 e 15 metros.
As primeiras garrafas do Wapisa blend foram abertas em agosto deste ano, depois de 8 meses debaixo da água. Segundo Patricia, sua evolução superou as expectativas, pois expressavam maior complexidade de aromas e sabor do que as amostras do mesmo vinho mantidas na adega para se fazer a comparação.
Cabernet Franc, em moda
Na degustação virtual organizada pela Total Vinhos, com a assessoria da CH2A, os rótulos provados confirmaram o potencial de qualidade da Tapiz. O Tapiz Malbec 2019 é um clássico, correspondendo ao que se espera desta uva que consagrou a vinicultura argentina no mercado mundial. Outro tinto produzido com esta variedade emblemática é o icônico Balck Tears Malbec 2015.
Os dois se originam dos vinhedos da Finca San Pablo, na zona de Tupungato, no vale de Uco. Ali nasce igualmente o surpreendente Tapiz Alta Collection Cabernet Franc 2018. Diante dos elogios dos provadores, Patricia Ortiz comentou que de fato a casta tem mostrado grande desempenho em Mendoza, como em Las Compuertas, área de Luján de Cuyo, e especialmente em sub-zonas que compõem o Vale de Uco – San Pablo/Tupungato, Los Árboles, Gualtallary, Altamira.
Segundo a médica vinicultora, antes geralmente a Cabernet Franc entrava em cortes, para completar a Cabernet Sauvigon ou a Merlot. Agora, aparece cada vez mais em varietais. Para Patrícia, pode-se dizer que a Cabernet Franc está em moda no país e há uma tendência de valorizar a casta, que dá vinhos estruturados, com um marcado perfil herbáceo. A ideia é mostrar que a Argentina tem mais a oferecer, além da Malbec.
No total, o grupo Fincas Patagonicas produz cerca de 40 rótulos diferentes, produzidas pelas bodegas Tapiz, Zolo e Wapisa. No Brasil, os vinhos da família Ortiz, que já foram distribuídos pela Grand Cru, passaram recentemente a ser comercializados com exclusividade pela Total Vinhos. Por enquanto a importadora traz seis rótulos Tapiz, mas segundo Tiago Dal Pizzol, pretende em breve ampliar o portfólio.
Tapiz Alta Collection Cabernet Franc 2018
Bodega Tapiz – Mendoza – Argentina – Total Vinhos – R$ 190 – Nota 92
Este Cabernet Franc 100% é novidade entre os rótulos Tapiz – nem consta ainda da lista de vinhos registrada no site da bodega. Bem estruturado e com bastante frescor, vem dos vinhedos de Patricia e Jorge Ortiz em San Pablo, no disputado Vale de Uco, sudoeste de Mendoza, região de altitudes elevadas e clima ameno. Foi amadurecido por 12 meses em barricas de carvalho francês (95%) e americano (5%), de primeiro e segundo usos. Traz nos aromas cassis e ameixa, em meio a notas de violeta, azeitona preta, especiarias e algo herbáceo, de graveto seco. Em corpo médio, é estruturado, com taninos maduros, macios. Mostra equilíbrio, ótima acidez e persistência. Não se sentem notas vegetais verdes, presentes em muitos tintos feitos com a Cabernet Franc. É um vinho elegante, redondo, sedutor. A linha Alta Collection corresponde a um Reserva (13,7%).
Tapiz Black Tears Malbec 2015
Bodega Tapiz – Mendoza – Argentina – Total Vinhos – R$ 560 – Nota 93
Um dos ícones da vinícola da família Ortiz, é um Malbec 100% feito para guarda. Nasce nos vinhedos da Finca San Pablo, no vale de Uco, a 1.350 m de altitude. Trabalhado pelos enólogos Fabian Valenzuela e Jean Claude Berrouet, é um tinto superlativo na cor, nos aromas, na extração e no corpo. Estagia por 24 meses em barricas de carvalho francês. De coloração violácea densa, lembra ao nariz compotas como figada e marmelada, mescladas a notas balsâmicas, mentoladas e de café. Na boca também não faz concessões. Encorpado, tem taninos firmes, maduros, mas boa fruta para integrar a madeira, ainda presente. A acidez garante o frescor final. Um tinto parrudo, que deve crescer com o tempo na adega (14,8%).
Tapiz Classic Malbec 2019
Bodega Tapiz – Mendoza – Argentina – Total Vinhos – R$ 120 – Nota 91
Integra a linha de entrada da vinícola da família Ortiz, que já começa em nível elevado. Apresenta o perfil clássico dos bons Malbec do Vale de Uco, marcados pela fruta vermelha madura e frescor. Foi produzido com as uvas de duas fincas da Tapiz, Los Nogales, em Vistaflores, a 1.020 m de altitude, e San Pablo, a 1.350 m. Com passagem de 8 meses por carvalho francês, os aromas remetem a morango e cereja, com algo floral e de chocolate. Jovial, tem taninos maduros, boa acidez, equilíbrio e final longo. Versátil à mesa, vai bem com carnes suculentas e massas com molho vermelho (13,8%).
Total Vinhos – São Paulo/SP – (11) 4963-1142 – (11) 95069-0950 – www.totalvinhos.com.br.
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