Vivanco, bons vinhos e cultura na Espanha

Em Briones, pequena localidade da Rioja Alta, na Espanha, uma construção moderna e futurista em meio aos vinhedos chama a atenção. É o Museo Vivanco de la Cultura del Vino, construído pela família Vivanco para preservar e divulgar a memória desta bebida que acompanha o homem desde os primórdios da civilização. Ali foram investidos alguns milhões de euros, o que mostra sua paixão pelo vinho. Com a mesma dedicação, a família apresenta seus tintos e brancos, que refletem a tradição da Rioja, mas também o desejo de surpreender.
A família Vivanco está ligada há mais de 100 anos à vinicultura e lutou muito até chegar ao prestígio atual da quarta geração. O bisavô Pedro Vivanco González produzia vinhos com as uvas de um pequeno vinhedo em Alberite. Sem recursos, enfrentou grandes dificuldades. O trabalho foi continuado pelo avô Santiago. Mas foi com seu filho Pedro Vivanco Paracuellos que a atual empresa tomou forma. Pedro começou aos 14 anos, vendendo vinhos de bicicleta. Depois passou a um caminhão e percebeu que, sem estudos, não seria nada. Foi para a universidade, cursou Enologia, viajou pelo mundo e voltou cheio de ideias.
Para avançar na produção de vinhos, Pedro decidiu comprar vinhedos de pequenos agricultores que não tinham mais interesse pela terra. Nos anos 2000 a vinícola cresceu e, já com a ajuda dos filhos Rafael, também enólogo, e Santiago, ele realizou o sonho de construir a nova bodega e o museu em Briones, considerado pela ONU o mais completo do planeta. Hoje a empresa tem 450 hectares de vinhedos e produz cerca de 1,2 milhão de garrafas de vinho por ano.
Até algum tempo, os rótulos da casa traziam o nome Dinastia Vivanco. Agora, apenas o sobrenome da família. A ligação com a Rioja é total. A região, uma das mais importantes da Espanha, é um grande vale entre montanhas, protegida ao norte pela Serra de Cantábria e, ao sul, pela Serra da Demanda. O rio Ebro a cruza de oeste para leste. Em uma linha reta, não mais que 100 km. A zona a oeste forma a Rioja Alta e a mais oriental, a Rioja Baixa. A diversidade de terroirs proporciona boas condições de desenvolvimento para as uvas locais. Entre as tintas, predomina a Tempranillo, apoiada por Garnacha, Mazuelo e Graciano. Nas brancas, Viura, Malvasia, Tempranillo Blanca e Maturana.
Em agosto, Hugo Urquiza, responsável pelas exportações da Vivanco, esteve no Brasil para promover os tintos e brancos da vinícola, distribuídos aqui com exclusividade pela importadora World Wine, do grupo La Pastina. O ponto alto foi a realização de uma prova vertical (várias safras de um mesmo vinho, para mostrar sua evolução) do soberbo top Collección Vivanco 4 Varietales, produzido com as castas Tempranillo, Graciano, Garnacha e Mazuelo. Das cinco colheitas degustadas – 2005, 2007, 2008, 2010 e 2012 – a que me impressionou
mais foi a de 2010, com muita fruta e elegância (R$ 428). Durante o almoço foram servidos outros brancos e tintos da casa, como o Vivanco Crianza, destaque em sua faixa de preço.
Vivanco Crianza 2011
Vivanco – Rioja – Espanha – World Wine/La Pastina – R$ 138,60 – Nota 90
Tinto suculento, 100% Tempranillo, amadurecido por 16 meses em barricas de carvalho francês e americano. Ao nariz traz fruta madura, cereja e ameixa, com notas de alcaçuz, tostados e canela. Tem bom corpo, acidez firme, taninos redondos. Agrada pelo frescor e equilíbrio. Boa companhia para pratos de grelhados com legumes, massas e risotos.
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