Kaiken Reserva Malbec 2013

A proposta era fazer grandes vinhos na Argentina, mas sob o ponto de vista chileno. Assim nasceu a vinícola Kaiken, implantada pelo grupo chileno Montes em Mendoza, que logo alcançou o sucesso. A Viña Montes, um dos nomes mais destacados do Chile, comprova assim sua habilidade para fazer bons vinhos também em outros terroirs. É o que mostra ainda na Califórnia, onde produz os rótulos Napa Angel e Star Angel. O projeto argentino começou em 2002, sob orientação experiente do enólogo Aurelio Montes, pai, um dos fundadores da empresa que leva seu sobrenome.
Aurelio visitou Mendoza em 2001 e ficou impressionado com seu potencial. “Acreditamos que a região tem condições excepcionais para a vinha”, disse certa vez. “Os solos, arenosos, pedregosos, mostram muita profundidade, que as raízes podem explorar”. Ele destacou ainda a diferença de temperatura entre os dias quentes e as noites mais frias, favorecendo o pleno amadurecimento dos cachos. Outra vantagem é a plena adaptação da Malbec.
Qual seria então o jeito chileno de trabalhar estas uvas? Segundo Aurelio, seu estilo como enólogo “está baseado na busca do amadurecimento pleno da fruta”. Significa esperar até a completa maturação fenólica, isto é, dos pigmentos e taninos presentas no bago, para ter vinhos mais equilibrados e redondos.
Algumas mudanças começaram a aparecer em 2011, quando o projeto ficou sob o comando de Aurelio Montes del Campo, enólogo talentoso e um dos cinco filhos de Aurelio pai. Ele se mudou para Mendoza, para acompanhar a produção de perto, e aos poucos conseguiu a independência da unidade. Introduziu práticas novas biodinâmicas e de sustentabilidade. Aurelio filho ficou lá até o ano passado, quando voltou ao Chile para assumir a administração geral do grupo Montes.
A empresa investiu cerca de US$ 20 milhões para a implantação da Kaiken, na compra de vinhedos e construção de moderna adega. Possui fincas em três zonas distintas: Vistalba, a 1.050 m acima do nível do mar e Agrelo, no sopé da Cordilheira dos Andes, a 950 m de altitude, ambas na região de Luján de Cuyo; e Vistaflores, no vale de Uco, onde a vinha chega a elevados 1.250 m. Hoje, a vinícola conta com equipe basicamente argentina, tendo à frente o enólogo Rogelio Rabino. Os tintos e brancos Kaiken são distribuídos no Brasil pela importadora Vinci, do empresário Ciro Lilla (Mistral).
A propósito, Kaiken é o nome dado pelos índios Mapuche a uma espécie de ganso selvagem que vive na Patagônia argentina e na Terra do Fogo. É avistado igualmente no Chile e no Uruguai. Migra para o norte quando se avizinha o inverno e cruza os Andes. Como o pássaro que a inspirou, a vinícola Kaiken pertence a um grupo que produz vinhos nos dois lados da cordilheira.
Kaiken Reserva Malbec 2013
Kaiken – Mendoza – Argentina – Vinci – R$ 70 – Nota 90
O ano de 2013 foi mais frio do que o normal em Mendoza, mas na fase de amadurecimento dos cachos houve boas condições, proporcionadas pelo clima quente e seco. O tinto da Kaiken (pertencente ao grupo chileno Montes) é corte de 95% Malbec e 5% Cabernet Sauvignon, com uvas somente de Agrelo, de vinhas velhas, com mais de 40 anos. Parte do lote (60%) repousou por seis meses em barricas de carvalho francês novo e usado, o que preserva a fruta e não carrega na madeira. De cor rubi violeta, densa, traz nos aromas notas de chocolate, baunilha, grafite e algo herbáceo, de graveto seco, em base frutada que lembra cereja e amora. É um tinto encorpado, robusto, com taninos firmes, maduros, sem excesso de extração. Mostra força e também equilíbrio, o que o torna agradável para beber (14%).
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