Vilarnau, cava de primeira

Cremosos, equilibrados, bem feitos, e com preço acessível para espumantes importados, os cava Vilarnau têm tudo para fazer sucesso nas comemorações de fim de ano. São produzidos em Sant Sadurní d’Anoia, a capital da DO Cava, na região do Penedès, coração da Catalunha. A vinícola espanhola, fundada em 1949, pertence hoje ao grande grupo González Byass, conhecido pela produção de Jerez.

Vilarnau, em Sant Sadorní d’Anoia
Para divulgar os espumantes Vilarnau, esteve em São Paulo esta semana o enólogo Damià Deàs, em visita organizada pela importadora Inovini/Aurora, que comercializa seus produtos no Brasil.

Os cavas são sempre produzidos pelo método clássico
Como se sabe, a legislação que regulamenta o cava exige que o espumante espanhol seja elaborado pelo método tradicional, em que a segunda fermentação ocorre na própria garrafa. Os cava podem ser correntes ou serem apresentados em cuvées especiais. Os melhores podem ser comparados aos grandes champagnes, com a vantagem de custar menos.
A Vilarnau sempre se destacou pela elaboração de espumantes de categoria superior, com amplo envelhecimento sobre as borras. Em 1982 foi comprada por González Byass, que manteve o estilo dos rótulos da casa e realizou melhorias. Por exemplo, a construção de uma adega nova e moderna em 2005.
A propósito, o grupo González Byass, iniciado em 1835 em Jerez de la Frontera, tem nove vinícolas, sendo oito na Espanha e uma no Chile (recentemente comprou a Veramonte, no vale de Casablanca).
A Vilarnau produz 1,5 milhão de garrafas por ano – é pequena para os padrões da D.O. A Espanha produz 250

A finca Can Petit i les Planes de Vilarnau
milhões de garrafas de cava por ano e só a gigante Freixenet responde por 110 milhões de garrafas.
A vinícola tem 20 hectares de vinhedos próprios, na finca Can Petit i les Planes de Vilarnau, em Sant Sadurní d’Anoia, e administra outros 80 ha. sob contrato com viticultores locais. Nos últimos cinco anos, os 100 hectares começaram a ser convertidos para o manejo orgânico, sem utilização de agrotóxicos e voltados para a proteção do meio ambiente.
Em 2016 foi colhida a primeira safra dentro desta nova filosofia. Na adega, a vinificação segue os mesmos princípios. Por isso, segundo o enólogo Damià Deàs, em dois anos seus vinhos vão chegar ao mercado certificados como orgânicos.

Os vinhedos próprios e contratados são orgânicos
O Cava geralmente é produzido com uvas típicas. Entre as variedades brancas, destaque para Macabeo, Parellada e Xarel-lo; no caso de tintas, Garnacha, Monastrell e Trepat. A legislação da D.O. Cava autoriza a utilização de variedades internacionais, como Chardonnay e Pinot Noir, mas são secundárias.
Damià Deàs explica que a Macabeo (também chamada de Viura em outras regiões da Espanha) tem boa acidez natural e dá equilíbrio ao vinho; a Parellada, com aromas florais, agrega acidez e frescor; e a Xarel-lo, mais estruturada, contribui para a gradação alcoólica, força e potência do conjunto.
A regulamentação exige que na segunda fermentação o cava permaneça pelo menos 9 meses em contato com as borras. Os exemplares de categoria especial ficam de 15 meses (Reserva) a mais de 36 meses (Paraje Calificado).
No evento em São Paulo, foram apresentadas cinco versões do Cava Vilarnau. Entre elas, três cuvées especiais: Brut Nature Reserva 2013 (muito boa), Albert de Vilarnau Brut Nature 2010 (espetacular) e a interessante Els Capricis Reserva Brut Nature 2012 (100% Xarel-lo, o que é raro). As outras duas fazem parte da excelente linha de entrada da empresa, a Vilarnau Cava Brut e a Vilarnau Cava Rosé Brut – as únicas que a Inovini/Aurora comercializa por aqui.
Vilarnau Cava Brut Reserva
Bodegas Vilarnau – Penedés – Espanha – Inovini/Aurora – R$ 98 – Nota 90
Espumante gostoso, mescla de 55% Macabeo, 40% Parellada e 5% Xarel-lo. Produzido pelo método clássico, passa 24 meses em contato com as borras, o que lhe dá complexidade. De cor palha, lembra nos aromas maçã e cítricos, com notas de pão e minerais. Na boca é cremoso, macio, equilibrado, persistente. Seco, mas muito amável (tem 8 gramas de açúcar por litro). Mostra boa profundidade no paladar e frescor. Vai muito bem para acompanhar aperitivos (11,5%).
Vilarnau Cava Rosé Brut Reserva
Bodegas Vilarnau – Penedés – Espanha – Inovini/Aurora – R$ 104,50 – Nota 90
É feito com a uva nativa Trepat (85%) e Pinot Noir (15%), com permanência de 24 meses sobre as borras. A cor é salmão e traz ao nariz frutas vermelhas, como cereja e morango, além de notas florais. Mais estruturado e untuoso, é cremoso, tem boa acidez e frescor. Seco, agradável, com a fruta madura bem presente. Está com nova roupagem: o rótulo colorido e bastante alegre é inspirado no movimento artístico Trencadis, liderado pelo arquiteto Gaudi (12%).
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