Ombú, vinhos que refletem o terroir de Atlántida, no Uruguai

Fabiana Bracco sempre foi um pouco a cara dos vinhos do Uruguai no Brasil, pela presença frequente para divulgar os tintos e brancos de seu país. Simpática, dinâmica e bem humorada, ela trabalhou primeiro os rótulos da Bodega Pisano e depois da Narbona, cuja equipe ainda integra. Agora Fabiana também comanda sua própria vinícola, a jovem e moderna Bracco Bosca, situada na região de Atlántida, ao sul do departamento de Canelones, a 45 km de Montevidéu. Seus vinhos, distribuídos aqui pela Domno, da família gaúcha Valduga, chamam a atenção pelo nome curioso, Ombú, pelos rótulos, modernos e criativos, e pela qualidade.

Os vinhedos, em Atlántida
São tintos e brancos feitos com Cabernet Franc, Syrah, Petit Verdot, Sauvignon Blanc e, como não poderia deixar de ser, Tannat, a uva emblemática do país. Mostram fruta limpa, madeira bem integrada e equilíbrio. Traduzem o terroir de Atlántida, a 8 km do Atlântico, no ponto em que as águas do imenso Rio de la Plata começam a se misturar às do oceano. Os solos são formados por sedimentos e manchas calcárias. É uma região relativamente quente, mas refrescada pelos ventos que não param de soprar – por sinal, a Bracco Bosca é vizinha da vinícola Viñedos de los Vientos, do irrequieto Pablo Fallabrino, que expressa no nome a principal característica da área.

Fabiana Bracco
Bracco Bosca é um projeto familiar. De origem italiana, a família tem antiga ligação com a terra e a vinha. Os 9 hectares de vinhedos em Piedra del Toro, Atlántida, foram comprados pelos pais de Fabiana, Darwin Bracco e Mirtha Bosca. De início eles vendiam as uvas a terceiros. Em 2005 criaram a vinícola, que produzia tintos baratos e sem pretensões. Depois da morte do pai, a empresa continuou com Mirtha, a mãe. Fabiana, que até então acompanhava tudo meio à distância, foi convencida a assumir o projeto em janeiro de 2016, com ajuda do marido, Edison Viroga.
Com larga experiência, por ter trabalhado sempre com produtores de vinhos de grande qualidade, Fabiana mudou o perfil da empresa. O objetivo agora é oferecer produtos de alta gama. O nome Ombú vem de uma árvore existente na propriedade. É nativa do pampa uruguaio e argentino, onde era chamada Umbú, que na linguagem local significa sombra – por dar a sombra que protege os campeiros nos dias de maior calor.

Na vinha, manejo orgânico
Os vinhedos, bem cuidados, têm manejo orgânico – e há planos para se tornarem biodinâmicos. Para a vinificação, a Bracco Bosca conta com a assessoria do enólogo Marcelo Laitano. A produção total é pequena, cerca de 20 mil garrafas por ano. “As dificuldades são muitas e o dinheiro é pouco, pois estamos contando com nossas economias, sem financiamentos”, diz Fabiana Bracco. “Mas buscamos sempre fazer os melhores vinhos que nossas uvas podem proporcionar”.
O primeiro rótulo foi lançado no ano passado, o Ombú Tannat, Syrah e Petit Verdot 2015, tinto jovial, frutado e bem feito (custa R$ 105,60 na loja on line Famiglia Valduga, dona da Domno). Depois vieram o Ombú Tannat (R$ 86,40), o Ombú Tannat Reserve (R$ 132,50) e dois outros tintos de nível superior, os excelentes Ombú Petit Verdot Reserve e Ombú Cabernet Franc Reserve (R$ 132,50).
O portfolio se completa com o Ombú Syrah Reserve e o branco Ombú Sauvignon Blanc. Por se tratar da uva mais marcante da vinicultura uruguaia, vamos falar mais detalhadamente do Ombú Tannat Reserve.
Ombú Tannat Reserve 2016
Bracco Bosca – Atlántida, Canelones – Uruguai – Domno – R$ 132,50 – Nota 90
Tinto estruturado e macio, 100% Tannat, em que metade do lote amadurece por cinco meses em barricas usadas de carvalho. Nos aromas, a boa fruta lembra cereja e ameixa, em meio a notas florais. Na boca apresenta concentração e taninos maduros, com uma acidez que reforça o frescor e um final longo. É um vinho que se bebe com prazer e tem tudo para fazer companhia agradável a carnes grelhadas e assados (14,5%).
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