Noval lança o Vintage Nacional 2001

Noval lança o Vintage Nacional 2001

A Quinta do Noval, vinícola portuguesa referência na produção de Vinho do Porto, anuncia que acaba de colocar à venda mais uma edição de seu mítico Vintage Nacional, desta vez da colheita de 2001. Joia do Douro, certamente cada uma das poucas garrafas deste Porto lendário logo se tornará objeto de desejo de consumidores privilegiados em todo o mundo. O Noval Nacional só é declarado pela casa em anos excepcionais e por diversas vezes já mereceu nota 100 do celebrado crítico norte-americano Robert Parker. Mas o que o torna tão especial, além da qualidade e da oferta reduzida, é sua origem.

quinta-do-noval-1As uvas utilizadas em sua elaboração vêm de um pequeno vinhedo centenário que sobreviveu à filoxera, a praga que devastou as vinhas da Europa no final do século XIX. Temperamental, esta parcela não atinge o máximo todos os anos. Mas nas safras em que isto acontece, dá um vinho inigualável, verdadeiro orgulho dos portugueses.

Ao contrário dos demais quartéis da propriedade, a parcela de 2 hectares existente logo abaixo da sede da quinta segue o sistema ancestral de pé franco, isto é, sem o uso de porta-enxerto americano, processo que passou a ser adotado depois que as videiras foram destruídas pela implacável doença. O nome “Nacional” faz referência a este fato: sem enxertia, estão plantadas diretamente no solo da nação lusa.

A Quinta do Noval foi mencionada pela primeira vez em 1715, antes portanto da demarcação das terras do Douro pelo marquês de Pombal, em 1756. Passou por diversas mãos até chegar a António José da Silva, que replantou os vinhedos em 1894, depois de terem sido quase destruídos pela filoxera – ele decidiu não replantar só a parcela do Nacional com videiras enxertadas, porque tinha sido poupada pela praga.

Mais tarde, a propriedade foi herdada pela família Van Zeller e em 1993 comprada pelo grupo francês de seguros Axa, dono da empresa até hoje. O braço Axa Millésimes, sob o comando do inglês Christian Seely, reúne em seu portfolio sete vinícolas conhecidas na França e em outros países, como Château Pichon Baron (Pauillac), Château Suduiraut (Sauternes) e Disznókő (Tokaj, na Hungria).

 

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Mistérios do vinho

Situada no Cima Corgo, no vale do rio Pinhão, afluente do Douro, a Quinta do Noval tem ao todo 145 hectares, inteiramente classificados com letra A, a mais alta da regulamentação. Seus terraços históricos, cercados por muros brancos, estão plantados com as castas locais nobres, como Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Tinta Barroca, Tinta Francisca e Souzão. Nos solos há predominância de xisto, com manchas de argila.

noval-nacional-2Aparentemente, nada difere a pequena parcela que dá origem ao Noval Nacional dos outros vinhedos da quinta. O solo é o mesmo, as castas são as mesmas, o processo de vinificação é o mesmo. No entanto, o vinho é diferenciado. São mistérios da viticultura. Exposta a nordeste, a vinha do Nacional é formada por cerca de 6 mil videiras não enxertadas, fincadas em solo xistoso, com teor elevado de potássio.

Claro que as plantas encontradas hoje não são as mesmas deixadas por António José da Silva. Ao longo do tempo houve repovoamento da vinha com clones extraídos da matriz ancestral. Ainda assim, sabe-se que videiras da parcela especial, apesar do risco da filoxera presente na região, têm um período de vida tão longo como as videiras enxertadas, ou seja, 50 ou mais anos.

As diferenças entre as uvas são pouco expressivas. Nas videiras Nacional os troncos e braços são menores, o verde das folhas não é tão vivo. As uvas também tendem a ser menores do que a média e a proporção entre casca e suco é mais elevada. Talvez mais significativa seja a diferença de rendimentos. Com a idade, a própria natureza se encarregou de equilibrar e reduzir a produtividade das plantas da seção Nacional, que é de 12 hl/hectare, bem menos do que a média da quinta, de até 35 hl/hectare. No mais, a vinificação é igual, com pisa a pé em lagar de granito.

 

O Nacional 2001

noval-vintage-2011Pela própria limitação do vinhedo, a quantidade de garrafas é sempre diminuta nos anos em que o Nacional é declarado – vai de 2.400 a 3.000 garrafas para serem distribuídas por todo o mundo. A vinícola também produz Porto Vintage em suas outras vinhas, mas seu talhão especial segue regras próprias, ditadas pela natureza. Há anos em que a empresa declara o Quinta do Noval Vintage e não declara o Nacional, como aconteceu na excelente colheita de 2007. Em outros acontece o contrário. Ou podem ocorrer casos, como 2011, em que tanto a vinha do Nacional como as demais da quinta produzem Portos Vintage de alta qualidade e totalmente distintos. Em relação aos Vintages originários dos demais vinhedos, a vinícola acaba de declarar o Noval Vintage 2014. Já o Nacional, nos últimos 75 anos, desde 1931, foi declarado 30 vezes, sendo a última exatamente 2011.

quinta_do_noval_vintage_nacional2001_ldSurge por fim o Quinta do Noval Vintage Nacional 2001. Em mensagem de hoje à imprensa europeia, Christian Seely lembra que, embora a empresa tenha feito a declaração em 2003, só agora resolveu colocá-lo à venda. Foram produzidas somente 3 mil garrafas que, repetindo, serão disputadas por todo o planeta. A vinícola informa que a primeira metade daquele ano foi marcada por cinco meses de chuvas intensas, mas depois seguiu bem, com inverno ameno e primavera fresca. Uma onda de calor em junho reduziu a colheita, o que foi compensado pelo verão agradável, com boa diferença de temperaturas entre dia e noite, permitindo níveis elevados de maturação das uvas.

No Brasil, os rótulos da Quinta do Noval (que produz também tintos e brancos normais) são distribuídos pela Adega Alentejana, de Manuel Chicau. A empresa ainda não sabe quando – e se – o Noval Nacional 2001 vai aportar por aqui. Para quem quiser conhecer o estilo do vinho, o catálogo da importadora ainda dispõe de garrafas da colheita de 2004, ao preço de R$ 2.648 cada. Não é barato, mas se o Vintage é considerado o topo do universo do Porto, o Noval Nacional é sem dúvida sua estrela de maior brilho.

 



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