Dona Berta, tintos e brancos de vinhas velhas do Douro Superior

Dona Berta, tintos e brancos de vinhas velhas do Douro Superior

A Quinta do Carrenho, no Douro Superior

Em Freixo do Numão, coração do Douro Superior, na região de Vila Nova do Foz Côa, nordeste de Portugal, existe uma propriedade com vinhas centenárias, daquelas com nomes bem portugueses, a Quinta do Carrenho. Pertence à família Verdelho e de lá saem os vinhos Dona Berta, de produção pequena e bem cuidada. Não eram conhecidos no Brasil até serem distribuídos por uma importadora também nova em nosso mercado, a Chico Carreiro, do Rio de Janeiro. Marly Galvão, dona da importadora, apresentou os rótulos em março passado, mas só agora os tintos e brancos chegaram ao país e estão disponíveis para venda.

No total, 17 hectares de vinhas

A vinícola Dona Berta foi fundada há 40 anos pelo engenheiro Hernâni Verdelho, que nos anos 1970 herdou a quinta de um tio-avô. É situada em terrenos de encosta de média altitude e solos xistosos, com boa exposição solar. O tio produzia Vinho do Porto, que vendia para a casa Borges, mas depois de sua morte a propriedade foi desativada. Verdelho, que deu à vinícola o nome de sua mãe, logo iniciou trabalho de reconversão dos vinhedos e também fez novos plantios. No total, são 17 hectares, onde são produzidas 60 mil garrafas de vinho por ano.

As uvas são as típicas do Douro, como Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Barroca e Rabigato. Mas nos 2 hectares de vinhas centenárias, pré-filoxeras, isto é, que já existiam antes da praga que devastou os vinhedos da Europa no final do século 19, ainda há castas da época, que nem constam dos registros atuais do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP). Entre elas, Folgazão, Cornifesto, Casculho, Silveirinha e Donzelinho.

Vinhas centenárias, pré-filoxeras

Depois da morte de Hernâni Verdelho, em 2011, a casa passou a ser administrada pela mulher dele, Maria Fernanda, e pelos filhos Isabel Andrade e Pedro Verdelho.

Os vinhos Dona Berta foram descobertos por Marly Galvão em uma viagem a Portugal. Ela criou a importadora Chico Carrero em agosto de 2016, depois de trabalhar por mais de 30 anos na equipe de Engenharia da Rede Globo de Televisão. O nome é homenagem ao avô, tocador de gado em Minas Gerais. No novo lote importado, que acaba de chegar ao país, se encontram os brancos Dona Berta Rabigato Garrafeira 2010, Dona Berta Vinha Centenária Reserva 2012 e Dona Berta Vinhas Velhas Reserva Rabigato 2016; e os tintos Dona Berta Reserva Tinto 2012, Dona Berta Tinto Cão Reserva 2012, Dona Berta Reserva Sousão 2013 e Dona Berta Vinha Centenária Reserva Tinto 2010. Custam entre R$ 138 e R$ 275.

 

Dona Berta Reserva Tinto 2012

Dona Berta – Douro – Portugal – Chico Carreiro – R$ 138 – Nota 89

O tinto entrada de gama é lote de Tinta Roriz, Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinto Cão e Touriga Franca. Parte estagiou por um ano em barricas de carvalho. Os aromas lembram cereja e cassis, com um toque floral, a violeta. Na boca é austero, em corpo médio, tem taninos maduros e boa acidez. Um vinho para se beber com a comida (13,6%).

 

Dona Berta Vinha Centenária Branco 2012

Dona Berta – Douro – Portugal – Chico Carreiro – R$ 250 – Nota 91

Branco delicioso,  com mineralidade que lembra os Riesling da Alsácia e da Alemanha, pelos aromas a pedra de isqueiro e querosene. Como era usual nas vinhas do passado, as castas são plantadas misturadas. Podem ser identificadas Códega do Larinho, Códega, Rabigato, Viosinho, Verdelho e Malvasia. O enólogo, prof. Virgílio Loureiro, fermentou um terço do mosto em carvalho francês, com bâttonage. Traz ainda ao nariz cítricos, notas de pêssego e de flores. Monstra grande volume de boca, é delicado, equilibrado, untuoso, seco e com ótimo final, que ressalta a elegância. Um vinho realmente diferenciado (14%).


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