Brancos e tintos argentinos da Kaiken agora na Qualimpor

Brancos e tintos argentinos da Kaiken agora na Qualimpor

Kaiken, com a adega e vinhedo em Vistalba

Os bons vinhos da vinícola argentina Kaiken, braço do grupo chileno Viña Montes, antes comercializados aqui pela Vinci, são distribuídos agora no Brasil pela importadora paulista Qualimpor, de João Roquette. Para falar das novidades e promover seus rótulos, esteve em São Paulo dias atrás o enólogo Rogelio Rabino, que destacou a proposta básica da casa: expressar da melhor maneira possível o terroir de Mendoza, com um olhar chileno.

O projeto argentino começou em 2002, pouco depois de uma visita de Aurelio Montes, pai, à região. Com um olhar experiente para descobrir o potencial de um terroir (ele foi, por exemplo, pioneiro no vale de Apalta, um dos mais promissores do Chile), Aurelio ficou impressionado com o que encontrou em diferentes zonas de Mendoza, com solos arenosos e pedregosos e clima seco, marcado por grande amplitude térmica entre os dias quentes e as noites frias.

O grupo Viña Montes investiu cerca de 20 milhões de dólares para montar Kaiken. Hoje a empresa possui 248,5 hectares de terras em três propriedades. Uma delas, com 28,5 hectares, fica ali mesmo, em Vistalba, a 1.250 m acima do nível do mar, de onde saem Malbec e Cabernet Sauvignon estruturados e elegantes. Outra se situa em Agrelo, também zona de Luján de Cuyo, 40 km ao sul de Mendoza, aos pés da Cordilheira dos Andes, a 950 m de altitude. Com 70 hectares, dá origem a vinhos de estrutura média.

Em Vista Flores, solos arenosos, com pedras

A terceira finca, com 150 hectares, está em Vista Flores, no vale de Uco, a 110 km de Mendoza e a 1.250 metros acima do nível do mar. Ali são cultivadas Malbec e Cabernet Sauvignon, junto com pequenas parcelas de Petit Verdot e Cabernet Franc, plantadas em vaso, individualmente, como pequenas árvores. Os solos arenosos, com muitas pedras, e a amplitude térmica proporcionam vinhos estruturados e com boa intensidade de cor.

Depois de comprar os primeiros vinhedos, a empresa adquiriu em 2007 uma adega antiga em Vistalba, distrito de Luján de Cuyo, a 20 km de Mendoza, onde vinifica seus tintos e brancos. O prédio foi construído em 1920, mas a cantina, modernizada, é bastante funcional. A vinícola produz 3 milhões de garrafas de vinho por ano.

Aos poucos, Kaiken foi tendo mais autonomia em relação à matriz chilena, especialmente depois de 2011, quando passou ao comando do enólogo Aurelio Montes del Campo, um dos cinco filhos de Aurelio pai. Ele promoveu mudanças expressivas, entre as quais a implantação de práticas biodinâmicas e de sustentabilidade. Aurelio filho morou em Mendoza até 2016, quando retornou ao Chile para assumir a administração geral do grupo Montes.

Na vinha, práticas biodinâmicas

Agora a vinícola conta com equipe própria, jovem e já experiente, tendo à frente o enólogo argentino Rogelio Rabino, 35 anos, ex-Finca Sophenia, e o chileno Gustavo Hörmann, 43 anos. O objetivo permanece o mesmo – produzir grandes vinhos, combinando as condições de Mendoza e o talento de profissionais dos dois países. Aliás, o nome Kaiken, de origem mapuche, foi inspirado pelos caiquenes, gansos selvagens que vivem na Patagônia, cruzando a Cordilheira dos Andes entre Argentina e Chile.

Na prova em São Paulo, a importadora Qualimpor informou que está trazendo 12 rótulos de três linhas diferentes – a básica Kaiken Estate, Kaiken Terroir Series e Kaiken Ultra, além dos top Obertura e Mai. Destacamos aqui alguns deles.

 

Kaiken Ultra Chardonnay 2016

Kaiken – Mendoza – Argentina – Qualimpor – R$ 149 – Nota 91

A safra de 2016 foi complicada na região de Mendoza. A primavera muito fria atrasou a brotação e a floração, o que adiou a colheita, em fevereiro, em 20 dias. Além disso, choveu mais do que o normal no período de maturação dos cachos. Ainda assim, a equipe da Kaiken conseguiu produzir vinhos instigantes, como este Chardonnay equilibrado e fresco. A maioria das uvas (90%) vem de Altamira, no vale de Uco, e o restante, de Vistalba. Parte do lote (35%) fermentou em barricas novas de carvalho francês, onde depois o vinho estagiou por 12 meses. A madeira, sem predominar nos aromas, dá um toque amanteigado e de baunilha, em meio a fruta madura, que lembra abacaxi e pêssego. Estruturado, com bom volume de boca, tem textura macia, acidez firme, elegância e gostoso final. Pode ser bebido sozinho, mas acompanha bem peixes gordos, como o salmão (14,5%).

 

Kaiken Malbec-Bonarda-Petit Verdot 2016

Kaiken – Mendoza – Argentina – Qualimpor – R$ 89 – Nota 89

Tinto da linha Terroir Series, mescla 80% Malbec, 15% Bonarda e 5% Petit Verdot. No caso, Malbec e Petit Verdot dos vinhedos de Vista Flores, no vale de Uco, e Bonarda de Agrelo, área de Luján de Cuyo. Repousou por 10 meses em barricas novas e usadas de carvalho francês. Ao nariz mostra cereja, com notas florais, algo vegetal, e um toque de canela. Em corpo médio, agrada pelo equilíbrio e boa acidez. Um vinho macio, persistente, fácil de beber (14%).

 

Kaiken Ultra Malbec 2016

Kaiken – Mendoza – Argentina – Qualimpor – R$ 149 – Nota 91

É um Malbec 100%, com uvas dos vinhedos situados nas alturas do vale de Uco – Vista Flores, a 1.350 m acima do nível do mar; Gualtallary, a 1.300 m; e Altamira, a 1.100 m. A altitude e a grande amplitude térmica local proporcionam às uvas amadurecimento mais lento e equilibrado, além de agregar componentes de cor e estrutura. Afinado por 12 meses em barricas novas (30%) e usadas de carvalho francês, apresenta aromas frutados a amora e ameixa, envoltos por notas de tabaco, especiarias e um toque mineral. Tem complexidade no nariz e na boca, onde se mostra macio, elegante e persistente (14%).

 

Kaiken Obertura Cabernet Franc 2015

Kaiken – Mendoza – Argentina – Qualimpor – R$ 270 – Nota 92

Tinto bem feito, diferenciado, no ponto para beber. A Cabernet Franc vem das alturas de Vista Flores (1.350 m), plantada pelo antigo sistema de cabeça, ou vaso, em solos com muita pedra redonda. Depois da fermentação, fez estágio de 12 meses em barricas de carvalho de terceiro uso, que não marcam o vinho. A fruta aparece limpa, lembrando cereja e morango, em meio a notas vegetais e de especiarias. Estruturado, com taninos firmes, maduros, tem frescor e muita elegância. Um vinho delicioso (14,5%).

 

 

 

 

 


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