Pizzato lança o DNA99 Merlot 2012, um tinto campeão

Pizzato lança o DNA99 Merlot 2012, um tinto campeão

 

A Pizzato, no Vale dos Vinhedos

A vinícola Pizzato, do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, apresentou esta semana em São Paulo nova edição de seu vinho mais famoso, o DNA99 Single Vineyard Merlot 2012. A família de Plinio Pizzato é sempre referência quando se fala em Merlot no Brasil e há quase duas décadas se destaca pelo trabalho com esta casta de origem francesa, que se adaptou bem ao clima úmido da Serra Gaúcha. O 2012 é um tinto soberbo, com muita fruta madura, limpa, e notável elegância.

A empresa surgiu somente em 1998, na Linha Leopoldina, Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, mas a ligação da família com a viticultura é bem anterior.

Plinio Pizzato é neto de imigrantes italianos da região de Vicenza, no Vêneto. Seu avô, Antonio Pizzato, veio para o Brasil em 1880, e se instalou na Serra Gaúcha. Como todos os colonos, produzia vinho para o consumo próprio – e, no caso, também abastecia o hospital local.

As uvas de qualidade recebiam bonificação

Na época, a maior parte dos vinhedos da Serra Gaúcha tinha uvas  americanas e híbridas, como Isabel, Concord, Coudec e Dona Zilá, plantadas em latada, aquele mar de folhas que forma uma espécie de caramanchão. O início da mudança aconteceu na década de 1970.

Estimulados pela Cooperativa Aurora e especialmente pelas multinacionais que se instalavam na Serra Gaúcha, como Chandon, Martini & Rossi, Heublein e Seagram, um grupo selecionado de viticultores, de que Plínio Pizzato fazia parte, começou a dedicar mais atenção às castas europeias nobres, como Merlot, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Tannat, Pinot Noir, Chardonnay, Riesling Itálica e Sémillon. As multinacionais davam bonificação pelas uvas viníferas de qualidade, isto é, pagavam mais.

A reconversão dos vinhedos para o sistema de condução vertical, a espaldeira, mais moderno e favorável ao amadurecimento dos cachos, foi uma consequência e teve início nesse período.

 

Dois motivos para Merlot

Nos anos 1990 uma crise econômica levou à redução do consumo e as grandes empresas diminuíram as compras de uva. A saída para muitos agricultores gaúchos foi produzir e engarrafar os próprios vinhos.

Foi o que ocorreu com Plinio Pizzato, que abriu a vinícola da família em 1998, com ajuda da mulher, Diva, e dos filhos Flávio, Flávia, Jane e Ivo, então o enólogo da empresa. A morte precoce de Ivo em um trágico acidente de carro encerrou a carreira promissora. Flávio, engenheiro de formação e depois com especialização em Enologia, passou a comandar a adega e ganhou cada vez mais experiência.

Flavio, o enólogo da casa

O primeiro vinho da Pizzato, lançado em setembro de 2000, foi o Merlot 1999, com produção de 15.500 garrafas. A vinícola não tinha máquinas modernas, como as prensas pneumáticas usadas por outras empresas, e precisou engarrafar seus vinhos em instalações de amigos. Mas esse primeiro tinto, de uma colheita excepcional e com uvas de primeira, abriu as portas para a Pizzato.

Desde o início a Merlot foi uma aposta. Plinio era muito respeitado pelos resultados que conseguia com a casta e disse aos filhos: “Se todo mundo quer essas uvas, é com elas que vamos fazer nosso primeiro vinho”. Assim, o rótulo inaugural da casa foi o Merlot 1999.

Dois motivos levaram à decisão. Em primeiro lugar, ainda não tinham adega bem equipada. Estavam começando o negócio, e a vinificação em tinto exige menos tecnologia do que a elaboração de brancos. Em segundo lugar, porque possuíam uvas desta cepa plantadas em espaldeira, com boas condições de sanidade e grande capacidade de amadurecimento.

O 1999 foi um sucesso, ganhou prêmios, mereceu elogios da imprensa e dos especialistas. Passou a ser uma referência para o potencial da uva na Serra Gaúcha. Na safra seguinte, a família produziu mais 15.500 garrafas de Merlot e 5.000 de Cabernet Sauvignon. Aos poucos, a vinícola cresceu e se consolidou.

A família possui 42 hectares de vinhedos

Possui hoje 42 hectares de vinhedos na Serra Gaúcha. São 26 ha. no Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves, e 16 ha. em Dr. Fausto de Castro, município de Dois Lajeados, a 50 km de sua sede. Conta agora com equipamentos de ponta na adega. É uma empresa de médio porte: oferece ao mercado 270 mil garrafas por ano.

Plinio, hoje com 74 anos, mantém a atividade, mas deixa as tarefas administrativas para os filhos. Flávio é o diretor geral e atende ao mercado internacional. Jane, que mora em São Paulo, cuida do mercado brasileiro. Flavia conduz as áreas de produção e administração. E nas ações de marketing, todos se envolvem.

Tantas safras depois, a Pizzato defende que a Merlot é a uva que pode mesmo alcançar mais brilho na Serra Gaúcha. Ali a variedade encontrou um ambiente bastante favorável em todos os aspectos, clima, solo, encostas. Mas faz experiências também com outras castas. A mais recente é com a branca Sémillon que, pelas primeiras amostras, tem tudo para se transformar em um varietal de nível superior.

 

O DNA99, homenagem ao pioneiro

A família produz espumantes de ótimo nível, tintos, brancos e rosés com as marcas Pizzato e Fausto, dependendo do local de procedência das uvas. Começou com varietais e em 2004 apresentou seu primeiro blend, o ótimo Pizzato Concentus da safra de 2002, corte de Merlot e Tannat, com um tempero de Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. Agora o portfolio incorpora também brancos de classe, como o Pizzato Legno Chardonnay.

Em 2010 veio à luz o novo ícone da casa, o DNA99 Single Vineyard Merlot 2005. Ficou 11 meses em barricas de carvalho e 48 meses em garrafa na adega, antes de sair ao mercado. O nome foi escolhido porque tinha a mesma origem daquele glorioso Pizzato Merlot 1999 – as uvas vêm das mesmas parcelas, ou de parcelas renovadas do mesmo vinhedo. Só é vinificado em safras excepcionais. Depois de 2005 vieram as edições de 2008, 2011 e, agora, 2012.

 

DNA99 Single Vineyard Merlot 2012

Pizzato – Vale dos Vinhedos – Rio Grande do Sul – Brasil – R$ 240 – Nota 92

Mais uma confirmação de que a Pizzato sabe manejar bem a Merlot. O enólogo Flávio Pizzato observa que a safra 2012 foi muito boa na Serra Gaúcha, formando um par de excelência com a anterior, 2011. Nos últimos anos ele vem dosando mais o uso do carvalho, de modo que os vinhos ganham em fruta e frescor. Nesta última versão, o DNA99 passou 13 meses em barricas francesas de primeiro uso. Carnudo, com profundidade e vivacidade, apresenta ao nariz nuances de cerejas, amora e ameixa, em meio a notas de tabaco, baunilha e especiarias. Tem bom corpo, é estruturado, potente, com taninos firmes, maduros. No final, mostra elegância e equilíbrio. Um vinho que já se bebe com prazer e tem grande potencial para guarda. Com certeza, está entre os grandes tintos brasileiros (13,5%).

 

 

 


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