Vinhos da premiada vinícola chilena Casa Marín voltam ao Brasil

Depois de alguns anos sem presença regular no mercado brasileiro, os rótulos da Casa Marín, de San Antonio, no Chile, voltam a ser distribuídos por aqui, desta vez pela Vinci, do grupo de Ciro Lilla. Para quem gosta de vinhos é uma notícia excelente, pois os tintos e brancos produzidos pela experiente Maria Luz Marín e seu filho Felipe no clima frio do litoral chileno, especialmente Sauvignon Blanc e Pinot Noir, estão entre os melhores daquele país.

Nesta semana, Maria Luz esteve mais uma vez em São Paulo para apresentar seus vinhos à imprensa especializada. Entre os brancos, destaque para o incrível Cipreses Sauvignon Blanc 2016 e para o surpreendente Casa Marín Sauvignon Gris Estero 2016. Na ala tinta, a estrela foi o Casa Marín Pinot Noir Litoral 2013, embora também chamasse a atenção, pela boa relação entre preço e qualidade, o jovial Lo Abarca Cabernet Sauvignon 2016. Abaixo vamos falar de todos eles.

 

Terroir único

Maria Luz é uma mulher de coragem e isso transparece na história de sua vinícola. Por muitos anos ela sonhou em plantar uvas em San Antonio, mas era uma região desafiadora, pelo clima extremo e a falta de água. O vale, 100 km a leste de Santiago, fica a apenas 4 km do Oceano Pacífico e sofre a permanente influência de suas brisas frias. Está dividido em quatro zonas – Leyda, Malvilla, Lo Abarca e El Rosario.

Maria Luz venceu as dificuldades e foi uma das pioneiras em San Antonio, junto com as bodegas Garces Silva, Matetic e Viña Leyda. Em 2000, ela implantou os primeiros vinhedos em Lo Abarca. É um terroir único. Uma névoa recorrente cobre o vale tanto no verão quanto no inverno. Há sempre muito vento e as temperaturas podem baixar bastante durante o período de maturação das uvas.

Os vinhedos se espalham por colinas com vertentes acentuadas. A variedade de solos é grande – calcários, argilosos, graníticos e arenosos. As colheitas nunca são abundantes, mas as plantas crescem fortes e dão uvas sadias, que amadurecem lenta e plenamente, com muita concentração de sabor e mineralidade. O resultado são vinhos expressivos e diferenciados.

 

Quatro linhas

A família toda se envolve de uma forma ou outra nas atividades da vinícola. Nicolas, filho mais velho de Maria Luz, cuida das operações da empresa. O outro, Felipe, enólogo com formação na Califórnia e na Nova Zelândia, segue mais de perto os passos da mãe nos cuidados com os vinhedos e nas tarefas da adega.

A produção se distribui por quatro linhas. A básica, e mais recente, é Lo Abarca, abastecida por uvas compradas a agricultores parceiros em San Antonio e em outros vales chilenos, como Colchagua. A série Cartagena oferece varietais com mais cuidados. Casa Marín é a linha premium, que reúne brancos e tintos. E a edição Iconos apresenta dois tintos especiais, o Pinot Noir Lo Abarca Hills Vineyard e o Syrah Miramar Vineyard. Antes importados pela Zahil, são comercializados agora pela Vinci.

 

Casa Marín Cipreses Sauvignon Blanc 2016

Casa Marin – Lo Abarca, San Antonio – Chile – Vinci – US$ 56.90 – Nota 92

Expressa todo o potencial de Lo Abarca e safra após safra é considerado um dos melhores brancos do Chile. As uvas vêm de vinhedos plantados em encostas com solos graníticos e calcários, expostas às brisas frias trazidas do Pacífico pela corrente de Humboldt. Seco, intenso, equilibrado, traz ao nariz notas de maracujá, cítricos e algo de folha de tomate. Amplo, estruturado e volumoso na boca, mostra muita classe. Sua marca é a ótima acidez e um toque mineral, salino. Pode ser tomado sozinho e vai muito bem com frutos do mar (14%).

 

Casa Marin Sauvignon Gris Estero 2016

Casa Marin – Lo Abarca, San Antonio – Chile – Vinci – US$ 56.90 – Nota 91

A Sauvignon Gris não tem tanta presença nos vinhedos chilenos (ou de outros países), como a Chardonnay ou Sauvignon Blanc. Quando existe, normalmente é utilizada em cortes. Maria Luz a conheceu na França e adorou a variedade, que se adaptou admiravelmente ao terroir de Lo Abarca. A Sauvignon Gris tem pele grossa e rosada, gerando vinhos com bom corpo e estrutura. É o que mostra o Estero, elegante, seco e muito gostoso. Metade do lote é fermentada com leveduras naturais em barricas usadas de carvalho francês de 500 litros, onde permanece por sete meses. O restante fermenta em tanques de inox. De cor amarelo claro, apresenta aromas de frutas maduras, como damasco e manga, em meio a notas minerais. Volumoso, tem agradável presença na boca, textura macia, boa acidez e frescor. Um vinho sedoso e sedutor (14,5%).

 

Lo Abarca Cabernet Sauvignon 2016

Casa Marin – Colchagua – Chile – Vinci – US$ 23.50 – Nota 89

Para este tinto frutado, fácil e gostoso, a vinícola compra as uvas de um agricultor parceiro no vale de Colchagua. É vinificado na própria região de origem, com rápida passagem por carvalho americano (25% do lote repousa em barricas usadas por três meses). Amora e chocolate aparecem ao nariz. Tem corpo médio, frutado agradável e taninos maduros. Um vinho fácil de beber (13%).

 

Casa Marin Pinot Noir Litoral 2013

Casa Marin – Lo Abarca, San Antonio – Chile – Vinci – US$ 56.90 – Nota 91

Pela diversidade de solos em Lo Abarca, uso de diferentes clones e de métodos de vinificação variados, Maria Luz e Felipe Marín produzem quatro diferentes tipos de Pinot Noir. O Litoral é um deles, com uvas de uma parcela especial que fica na parte mais baixa do vinhedo. O tinto atende o gosto pessoal de Maria Luz, que prefere vinhos mais estruturados e, por isso, costuma colher as uvas duas a três semanas mais tarde do que em outros locais (já Felipe gosta de colher antes, para dar mais acidez e nervos ao vinho, como se vê em outros Pinot Noir da casa). Depois da vinificação, estagia por 12 meses em barricas usadas de carvalho francês. Nos aromas há cerejas, pitanga, especiarias e algo de cogumelos. Na boca, mostra boa estrutura, é elegante, macio, sedutor. Um tinto delicioso (14%).

 

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