Caravana dos Vinhos do Tejo passa mais uma vez por São Paulo

Caravana dos Vinhos do Tejo passa mais uma vez por São Paulo

Região do Tejo mostra vinhos de qualidade

Para tornar seus vinhos mais conhecidos, a região do Tejo, ao norte de Lisboa, no centro de Portugal (antiga Ribatejo), realizou esta semana em São Paulo a quinta edição da Vinotejo – Grande Prova de Vinhos do Tejo 2018. Com a presença de representantes de oito vinícolas, a caravana permitiu a profissionais do setor e enófilos conhecerem mais sobre os terroirs, castas e vinhos desta denominação portuguesa.

O evento foi organizado pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo, presidida por Luís de Castro, com apoio da Wine Senses, empresa de educação vínica comandada pelo experiente sommelier José Santanita. Dos muitos vinhos provados, destacamos os tintos e brancos da notável Quinta da Alorna e os tintos das vinícolas Falua e Fiuza.

Feiras desse tipo são importantes como vitrine da região. Embora desde 2013 o Brasil esteja, junto com a Polônia, entre os melhores mercados para as vinícolas do Tejo, os vinhos da região não são conhecidos pelo consumidor brasileiro como poderiam.

 

DOC Tejo, associação com o rio famoso

Associação de imagem

Até pouco mais de 15 anos, o Ribatejo era marcado pela grande quantidade de vinhos que produzia, sem preocupação com a qualidade. O trabalho de um pequeno número de produtores começou a mostrar que a região tem potencial para elaborar tintos e brancos de qualidade. A mudança se consolidou em 2009, quando a nova legislação vinícola portuguesa promoveu diversas alterações no setor, e o Ribatejo passou a se chamar apenas Tejo.

A troca teve duplo objetivo. Primeiro, fazer esquecer a imagem anterior, de vinhos vendidos a granel. Em segundo lugar, associar a região ao rio Tejo, assim como fazem outras apelações famosas em todo o mundo. É o que acontece, por exemplo, com o Douro no nordeste de Portugal, o Duero na vizinha Espanha e o Rhône na França. Para o consumidor internacional é mais fácil entender o nome Tejo, identificado com o rio que atravessa o país até Lisboa, do que Ribatejo.

 

Três terroirs

Maior rio da península ibérica, com 1 mil km de extensão, o Tejo banha toda a região que agora leva seu nome, área de baixas altitudes e ambiente mediterrâneo, com leve influência atlântica. Ali o clima é moderado, com temperaturas médias entre os 15º C e 17,5º C. O índice de insolação é elevado, cerca de 2800 horas de sol por ano, e a média pluviométrica anual é equilibrada, de 750 mm.

O Tejo separa a região em três áreas distintas para a produção de uvas:  Campo, Bairro e Charneca. O Campo (Lezíria ou Borda de Água) situa-se nas extensas planícies que se espalham ao longo das margens dos dois lados do rio, zonas sujeitas a inundações periódicas, responsáveis pelo elevado índice de fertilidade dos solos. O clima é mais úmido, devido à proximidade das águas.

O Bairro localiza-se na margem direita, imediatamente a seguir aos solos do terroir Campo. Fica entre o vale do Tejo e os contrafortes dos maciços de Porto de Mós, Candeeiros e Montejunto, com predominância de solos argilo-calcários que favorecem o desenvolvimento das uvas tintas. Faz fronteira a oeste com a Região Vitivinícola Lisboa. Tomar, Santarém, Rio Maior e Cartaxo são alguns dos municípios cujas terras são identificadas com o terroir Bairro.

No total, 13,5 mil ha. de vinhedos

Já a Charneca ocupa a margem esquerda, também imediatamente após os solos do Campo. Faz fronteira a sudeste com o Alentejo. Seus solos arenosos e medianamente férteis apresentam grande potencial para a produção tanto de tintos como de brancos. Entre os municípios ali encontrados há Almeirim, Benaventes e Coruche.

Nas vinhas, há espaço para uvas portuguesas típicas e variedades internacionais. As castas tintas são Touriga Nacional, Trincadeira, Castelão, Aragonez, Cabernet Sauvignon e Syrah. Entre as brancas, Fernão Pires, Arinto, Alvarinho, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Marsanne. Com cerca de 80 vinícolas, a região do Tejo comporta 13,5 mil hectares de vinhedos, que produzem cerca de 630 mil hectolitros de vinho por ano.

 

Os vinhos

Participaram da quinta edição da Caravana do Tejo, realizada no Clube Athletico Paulistano, os seguintes produtores: Adega Cooperativa do Cartaxo – www.adegacartaxo.pt (importador: Malbec Brasil); Agro Batoréu – www.batoreu.com (alguns vinhos encontrados na rede Pão de Açúcar); Enoport – United Wines – www.enoport.pt (importadores: Barrinhas, Domno e Santar); Falua – www.falua.net (importador: Decanter); Fiúza & Bright – www.fiuzabright.pt (Pão de Açúcar); Quinta da Alorna – www.alorna.pt (importador: Adega Alentejana); Quinta da Ribeirinha – www.quintadaribeirinha.com; Quinta do Casal Monteiro – www.casalmonteiro.pt (Pão de Açúcar).

 

Quinta da Alorna

Quinta da Alorna, uma referência

Já conhecida do consumidor brasileiro, a Quinta da Alorna destacou-se novamente na prova desta semana com brancos e tintos marcantes. A propriedade foi implantada em 1723 por D. Pedro de Almeida Portugal, vice-rei da Índia e primeiro Marquês da Alorna. Ao longo do tempo teve altos e baixos, passou por diferentes donos e desde 1918 está, há cinco gerações, em mãos da família Lopo de Carvalho.

O grupo controla 220 hectares plantados com uvas, a maior vinha atualmente no Tejo. A Quinta da Alorna mantém sua tradição, sem deixar de lado as inovações que sustentam a qualidade de seus vinhos, e por isso é uma referência na região.

 

Quinta da Alorna Branco 2016

Quinta da Alorna – Tejo – Portugal – Adega Alentejana – R$ 74 – Nota 90

Branco seco, fresco, sem agressividade, produzido com Arinto, Fernão Pires, Sauvignon Blanc e Marsanne. As notas cítricas predominam, com algo de abacaxi, e o vinho mostra grande equilíbrio. Boa acidez, final persistente, vivo, delicioso (12,5%).

 

Quinta da Alorna Reserva Branco 2017

Quinta da Alorna – Tejo – Portugal – Adega Alentejana – R$ 110 – Nota 92

Um branco diferenciado, complexo, mescla de Arinto, que dá acidez, e Chardonnay, que proporciona estrutura. A Arinto fermenta em cubas de aço inox e a Chardonnay, em barricas novas de carvalho francês, repousando sobre as borras finas durante 4 meses. O resultado é ótimo. Nos aromas aparecem pêssego, maçã, cítricos. Na boca é macio, persistente, com boa acidez e frescor, bastante agradável (13%).

 

Quinta da Alorna Reserva Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon 2014

Quinta da Alorna – Tejo – Portugal – Adega Alentejana – R$ 120 – Nota 91

Tinto macio, elegante, daqueles vinhos redondos, que seduzem pelo equilíbrio e elegância. Repousa por 12 meses em barricas de carvalho francês. Tudo está no lugar, não há nada que destoe do conjunto. Lembra nos aromas ameixa, figo e tabaco e algo floral. Tem bom corpo, acidez na medida, persistência e frescor final (13,5%).

 

Outros tintos

Conde de Vimioso Reserva 2014

Falua – Tejo – Portugal – Decanter – R$ 231 – Nota 91

Tinto refinado, lote de 50% Touriga Nacional, 20% Aragonez, 15% Alicante Bouschet e 15% Syrah, com estágio de 18 meses em barricas de carvalho francês novas e usadas. Os aromas mesclam a fruta madura, a cassis e amora, especiarias, tostados e algo de chocolate. Robusto, estruturado, om taninos macios, finos e grande equilíbrio. Mostra força e elegância. Vem de vinhedos da zona da Charneca, em Almeirim, moldado pela equipe do renomado enólogo João Portugal Ramos (14%).

 

Terra Silvestre Reserva 2015C

Batoreu – Tejo – Portugal – Pão de Açúcar – R$ 54,90 – Nota 90

A família Batoreu se dedica à vitivinicultura desde o século XIX, em Aveiras de Cima, terroir Bairro, onde possui 40 hectares de vinhas. O Reserva, elaborado com 50% Touriga Franca, 25% Syrah, 15% Alicante Bouschet e 10% Cabernet Sauvignon, é encorpado, um tanto austero, mas agradável de beber. De cor escura, intensa, traz ao nariz notas florais e de cereja. Na boca é firme, longo, um vinho que vai bem com pratos substanciais (13,5%).

 

Fiuza Touriga Nacional 2016

Fiuza & Bright – Tejo – Portugal – Pão de Açúcar – R$ 40,50 – Nota 88

A vinícola foi criada em 1985, parceria entre a família Fiuza e o enólogo australiano Peter Bright. Seu tinto, frutado, macio, fácil de tomar, é produzido com uvas do terroir Campo. Mostra notas florais, em base de frutas vermelhas. Ao opção para o dia a dia.

 

 

 

 

 


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