Meandro Branco, novidade da Quinta do Vale Meão

Meandro Branco, novidade da Quinta do Vale Meão

A Quinta do Vale Meão, no Douro Superior

Muita gente sempre disse que a Região do Douro não é terra para vinhos brancos. O clima quente e o ambiente hostil não permitiriam às castas brancas atingir o mesmo patamar de qualidade que consagraram as tintas, primeiro com o Vinho do Porto e, nas últimas décadas, com o surgimento de tintos de mesa espetaculares. Felizmente isso está mudando.

A DOC Douro já oferece brancos de grande categoria, elaborados com uvas plantadas em encostas mais elevadas e com castas generosas na acidez, como a Rabigato e Arinto, além de bom trabalho com a madeira. Depois do sucesso do Redoma Reserva, de Dirk Niepoort, seguiram-se nomes como Guru (Wine&Soul), CV Curriculum Vitae Branco, Poeira Branco, Mirabilis Grande Reserva, Branco da Gaivosa Reserva e muitos outros. Cada vez mais casas se dedicam à sua vinificação. Uma delas é a Quinta do Vale Meão, da família Olazabal, que entra no time com o Meandro Branco 2015, um vinho amplo, volumoso e com agradável acidez. No Brasil é distribuído pela importadora Mistral.

As vinhas, herança de D. Antónia A. Ferreira

O novo rótulo, que completa a linha Meandro, da gama de entrada da vinícola, nasce em berço esplêndido. A Quinta do Vale Meão tem história riquíssima, pois foi a última propriedade comprada pela lendária D. Antónia Adelaide Ferreira e está até hoje em mãos de seus descendentes. Em 1877, a Ferreirinha, como era chamada, arrematou em leilão à câmara de Vila Nova de Foz Côa 300 hectares de terra virgem no então quase inacessível Douro Superior, perto da fronteira com a Espanha. Na época chegava-se à região apenas a cavalo ou em carroções.

D. Antónia já era a maior dona de quintas do Douro, mas queria construir ali uma propriedade modelo. Dedicou-se à tarefa até pouco antes de morrer, em 1896, e deixou um projeto exemplar, a Quinta do Valle do Meão, em uma zona em que antes não havia nada. A qualidade das vinhas ali plantadas mostrou a capacidade de visão da grande dama duriense. No final dos anos 1940, as uvas do Vale Meão foram escolhidas por Fernando Nicolau de Almeida, o célebre enólogo da Casa Ferreira, para integrar a composição do Barca Velha, o ícone português lançado em 1952.

Francisco Olazabal (à esq.) e os filhos

A partir dos anos 1970 Francisco Javier de Olazabal, o Vito, trineto de D. Antónia, e então presidente da Ferreira, assumiu a administração da quinta, ainda em posse da família. Aos poucos, foi comprando a parte dos parentes, e em 1994 tornou-se o único dono da propriedade. Aí começou outra história gloriosa. Vito deixou a presidência da Ferreira, há tempos vendida à gigante Sogrape, e em 1998 decidiu produzir os próprios vinhos, com ajuda dos filhos Francisco de Olazabal y Nicolau de Almeida, o competente enólogo Xito, e Luísa.

O primeiro rótulo chegou ao mercado no ano seguinte, o soberbo Quinta do Vale Meão Tinto, logo colocado pela crítica portuguesa e internacional entre os melhores vinhos do país. Mais tarde, a empresa criou o Meandro, um tinto muito bem feito e com preço mais acessível que o do irmão mais velho. À linha junta-se agora o Meandro Branco, apresentado há pouco, em visita a São Paulo, por Pedro Calheiros Lobo, diretor comercial da vinícola. Fica-se imaginando que, no futuro, poderia haver também um Quinta do Vale Meão Branco, tão bom quanto o tinto.

 

Meandro Branco 2015

Quinta do Vale Meão – Douro – Portugal – Mistral – US$ 52.90 – Nota 90

Fruta e frescor são qualidades desse branco, produzido com 50% Arinto e 50% Rabigato, exatamente duas castas que aportam ótima acidez. A empresa compra a Arinto de um vizinho, dono de um vinhedo no Vale da Vilariça, em solo de aluvião, situada no extremo norte do Meandro. Já a Rabigato vem de uma vinha própria, comprada recentemente no extremo sul do Meandro, em solo de xisto. O vinho não tem passagem por madeira, mas ganha complexidade por permanecer por 7 meses em contato com as borras. Ao nariz traz notas cítricas e de pêssego, com toques minerais, florais, de erva-doce. A boca surpreende pela gostosa intensidade, volume, acidez limpa e persistência. O conjunto, seco, nada pesado, mostra bom equilíbrio (13%).

 


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