Château Los Boldos passa por grande renovação

Nas vinhas, o potencial de Cachapoal Andes
O nome é francês, o dono é uma empresa portuguesa e o vinho, chileno. O Château Los Boldos, produzido no vale de Colchagua, 100 km ao sul de Santiago, pela gigante lusa Sogrape, passou por intensa renovação nos últimos anos e o resultado logo logo vai chegar por aqui. Na semana passada, o diretor da vinícola, Sebastián Phillips, e o enólogo Victor Arce estiveram em São Paulo para falar das novidades, em evento organizado pela importadora Zahil, que distribui seus rótulos no Brasil.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que a Zahil tem hoje em catálogo vinhos até as safras 2014 ou 2015, mas para entender as mudanças é necessário provar os tintos e brancos a partir de 2016 e 2017. E estes só estarão aqui no ano que vem – por isso foi dito acima que o resultado só será sentido mais tarde. Phillips e Arce trouxeram as últimas versões na mala e um grupo de jornalistas especializados pôde constatar que realmente a atualização foi grande e que os vinhos Château Los Boldos ganharam com isso.
A bodega foi criada em 1991 pelo francês Dominique Massenez, integrante de uma família produtora de licores e destilados na Alsácia. Foi ele quem lançou a marca Château Los Boldos, inspirado nas vinícolas de seu país de origem. Na propriedade havia parcelas de vinhedos antigos, plantados em 1948. Em 2008, Massenez vendeu a propriedade de 250 hectares para a família Guedes, dona da Sogrape, a maior empresa vinícola de Portugal. O grupo tem presença também na Espanha, Nova Zelândia e na Argentina, onde possui a Finca Flichman, em Mendoza.
“Nos primeiros anos, a Viña Los Boldos não tinha foco, pois era administrada como um apêndice de Finca Flichman”, conta Phillips. As mudanças começaram em 2010, depois que o braço chileno ganhou autonomia. O jovem enólogo Arce (ex-Perez Cruz) ressalta que nessa época parte dos vinhedos foi replantada e a vinícola passou a ter como objetivo produzir vinhos que expressem todo o potencial do vale de Colchagua.

O vinhedo é dividido por parcelas
A mão de Pedro Parra
E os Guedes sabiam que haveria muito o que mostrar. Logo que compraram a Viña Los Boldos, eles contrataram o chileno Pedro Parra, considerado um dos papas em terroir vitivinícola do mundo, para analisar a propriedade. O especialista disse que nunca havia visto extensão de terra daquelas proporções tão homogênea para a produção de vinhos de qualidade.
A Vinha Los Boldos tem 170 hectares plantados com uvas. Uma das características marcantes do vinhedo é que a totalidade do solo é de origem aluvial, formado por material transportado pelo rio Cachapoal. Esse tipo de terreno favorece a drenagem, a oxigenação e o aprofundamento das raízes das plantas, ótimas condições para a obtenção de grandes vinhos. A região tem verões quentes e secos, mas o clima é temperado pelas brisas vindas dos Andes.
Depois de um trabalho de três anos, Parra separou as parcelas do terreno e classificou as diferentes áreas de desenvolvimento das castas, de acordo com seu potencial para a elaboração de vinhos de qualidade. Com isso foi possível planejar novos projetos, determinando-se as variedades adequadas para cada quartel do vinhedo, os porta-enxertos mais indicados e o melhor manejo da plantação.
Primeiros resultados
Como tudo na natureza tem seu prazo de amadurecimento, os resultados da renovação demoraram alguns anos para aparecer. Segundo Sebastián Phillips e Victor Arce, os primeiros sinais de melhoria nos vinhos surgiram nos tintos e brancos da safra de 2015, quando as novas vinhas estavam consolidadas. No caso dos brancos, podem ser sentidas para valer nos vinhos de 2017.
No evento da semana passada a prova mostrou que mesmo os brancos da linha de entrada Tradition Réserve agora têm outra pegada, com muito mais estrutura, equilíbrio e frescor do que versões anteriores. Igual sensação foi deixada pelos tintos da série Grande Reserve 2015, que apresentam tipicidade e não são nada pesados. No topo, o espetacular tinto Château Los Boldos Vieilles Vignes 2015, com parte das uvas do antigo vinhedo plantado em 1948. Avaliamos aqui um branco e um tinto que dão bem ideia do que esperar dos novos vinhos Château Los Boldos.
Château Los Boldos Tradition Réserve Sauvignon Blanc 2017
Viña Los Boldos – Cachapoal Andes – Chile – Zahil – R$ 76 – Nota 90
É um Sauvignon Blanc de cordilheira e não de zonas perto do mar, como Casablanca e San Antonio, que consagraram a casta no Chile. Mas não fica a dever àqueles. Delicado, com boa estrutura, vibrante, tenso, mostra nos aromas frutas tropicais, como maracujá, e notas cítricas, minerais e herbáceo gostoso, lembrando grama cortada. Tem acidez firme, equilíbrio, final longo e frescor. Um branco vivaz, marcado pela fineza (12,5%).
Château Los Boldos Grande Réserve Cabernet Sauvignon 2015
Viña Los Boldos – Cachapoal Andes – Chile – Zahil – R$ 147 – Nota 91
Um tinto macio, com estágio de 10 meses por barricas de carvalho francês (33% novas), traz ao nariz ameixa e cassis, em meio a notas de alcaçuz, tabaco e algo terroso, de cogumelo. Em corpo médio a bom corpo, é estruturado, elegante, fino, com final persistente. Polido e muito bem acabado (14%).
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