Casa da Passarella, vinhos com história

Casa da Passarella, vinhos com história

 

Casa da Passarela construção

A Casa da Passarella ganha espaço

Poucas vinícolas se cercam de tantas histórias para ilustrar seus vinhos como a Casa da Passarella, situada aos pés da Serra da Estrela, no Dão, centro de Portugal. Fundada em 1892, possui magníficas vinhas velhas, sem perder de vista a necessária atualização. Está sendo redescoberta pelos portugueses e ganha espaço também no Brasil, onde seus vinhos são distribuídos pela Premium Wines.

A Casa da Passarella teve fama no passado, depois entrou em declínio. Renasceu há alguns anos, em novas mãos. Atualmente, produz 300 mil garrafas por ano com uvas de sete vinhas, situadas a altitudes que chegam a 900 m, com um total de 60 hectares plantados. O clima da região é do tipo continental seco e nos solos pobres há manchas graníticas.

Casa da Passarella vinhas

São 60 ha plantados e algumas vinhas velhas

O enólogo Paulo Nunes, que começou no Douro e está desde 2003 no Dão, encarna com perfeição o espírito da casa. Está sempre disposto a ouvir os viticultores mais velhos e a deixar falar a natureza, o que se traduz em tintos e brancos deliciosos, como os Villa Oliveira e as versões Casa da Passarella – A Descoberta branco e tinto; Abanico; Enxertia; O Enólogo; e O Fugitivo. Atrás de cada rótulo há uma lenda ou fato verídico, que Nunes relembrou em recente visita ao Brasil.

A linha de entrada é a Somontes, que oferece um bom tinto (R$ 77,30) e um ótimo Encruzado (R$ 122,80), a uva dos grandes brancos do Dão. A série mais ampla é a que leva o nome da vinícola. Na base, há os Casa da Passarella A Descoberta Colheita Branco e Colheita Tinto (cada um por R$ 91). O rótulo traz a imagem de uma misteriosa mala antiga, descoberta por acaso pela atual família proprietária dentro de uma parede da antiga sede.

Em um patamar acima vêm os tintos Casa da Passarella Abanico (R$ 147,90); Enxertia (R$ 187,60); O Enólogo Vinhas Velhas (R$ 261,50), O Fugitivo Vinhas Centenárias (R$ 386,60), cada um com sua história referida no rótulo. E no topo, os espetaculares Villa Oliveira, sendo um branco de Encruzado (R$ 561,40) e um tinto de Touriga Nacional (R$ 599). Pela relação entre qualidade e preço, vamos nos deter no tinto Casa da Passarella Abanico Reserva, que expressa bem a filosofia e o estilo da vinícola.

 

Casa da Passarella AbanicoCasa da Passarella Abanico Reserva 2013

Casa da Passarella – Dão – Portugal – Premium – R$ 147,90 – Nota 91

O rótulo, singelo, traz o desenho de uma antiga botina de mulher, dentro da qual há um leque aberto – o abanico mencionado no nome. Diz-se que os leques, populares na Ásia e nas cortes europeias, foram inspirados pela cauda do pavão. As mulheres sempre os usaram para afastar o calor. Todas, exceto uma, a jovem Teresa, segundo a lenda guardada pela Casa da Passarella. Tímida e reservada, aos 21 anos ela recebeu um presente secreto, uma carta e um leque de um admirador, um nobre que vivia em Sevilha, na Espanha. Na carta, concedia-lhe poder e em troca apenas lhe pedia que dormisse sempre com o leque por perto. No momento em que, pela primeira vez, pegou no leque, Teresa tornou-se imperatriz. Todas as noites sonhava com estranhos pavões a saciarem as suas vontades proibidas.

Se não é verdade, é uma bela história, que convida a provar o tinto Abanico Reserva. O lote traz Touriga Nacional de vinhas velhas, Alfrocheiro e Jaen, três uvas bastante associadas ao Dão. Depois da fermentação em cubas tradicionais de cimento, estagia por um ano em barricas de carvalho francês. Os aromas lembram groselha, em meio a toques florais, minerais, de especiarias, anis e alcaçuz. Estruturado, concentrado, untuoso, mostra equilíbrio, taninos maduros, acidez no ponto e gostoso final. Engarrafado sem filtração, pode-se beber já ou guardar por mais alguns anos (14%).

 

 

 

 


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