Italianos do Vêneto são a novidade da Mistral

Italianos do Vêneto são a novidade da Mistral

Campagnola, vinhas em Marano di Valpolicella

Soave, Bardolino, Valpolicella, Ripasso e Amarone de duas pequenas vinícolas da região do Vêneto, nordeste da Itália, passam a integrar o portfolio da Mistral, a importadora de Ciro Lilla. São produzidos pelas casas Giuseppe Campagnola e Speri e têm qualidade acima da média dos rótulos semelhantes encontrados normalmente no mercado.

Bardolino e Valpolicella, especialmente, já foram muito populares por aqui, encontrados em qualquer cantina italiana. Perderam espaço exatamente por serem tintos muito simples, sem grande preocupação com a qualidade. Este é um ponto a favor das novidades da Mistral. São vinhos bem feitos, equilibrados, gastronômicos e oferecem bom custo-benefício.

Sua incorporação ao catálogo da importadora foi sugerida por Otavio Lilla, filho mais velho e braço direito de Ciro na empresa da família, durante visita à última Vinitaly, a grande feira de vinhos que acontece em Verona, coração do Vêneto.

Giuseppe Campagnola é uma vinícola com 110 anos de história. Situada em Marano di Valpolicella, administra 20 hectares de vinhedos próprios e trabalha também em parceria com mais de 50 pequenos produtores familiares. Oferece os brancos Pinot Grigio e Soave, secos e refrescantes.

Entre os tintos, um Bardolino Clássico e variações de Valpolicella, do Clássico ao Ripasso que, como se sabe, é um método antigo, em que o Valpolicella refermenta em contato com borras de Amarone, para ganhar complexidade.

Apassimento: concentração e complexidade

Já numa faixa superior de qualidade e preço, Campagnola apresenta diferentes versões de Amarone, como o Amarone della Valpolicella Classico Vigneti Vallata di Marano 2013 e o poderoso Amarone della Valpolicella Classico Riserva Caterina Zardini 2012. Outra tradição é o doce Reciotto della Valpolicella Classico.

O Amarone é elaborado com a técnica de apassimento em que as uvas, depois de colhidas, são colocadas a secar por três a quatro meses, perdendo água e concentrando açúcar, sem deixar suas características originais de aroma e sabor. São tintos normalmente alcoólicos (mínimo de 14%), secos, mas que deixam sensação de adocicado, pelo apassimento.

 

Speri

Até mais interessantes são os vinhos da vinícola Speri, que possui 60 hectares de vinhedos, todos de cultivo orgânico, nas melhores áreas do Vêneto, dentro de Valpolicella Classico. O mais conceituado é o Monte Sant’Urbano.

No catálogo da Mistral há três variações de Valpolicella Speri, o Valpolicella Classico 2016, o Valpolicella Ripasso Classico Superiore 2015 e o ótimo Sant’Urbano Apassimento Valpolicella Classico Superiore 2014. No topo estão o excepcional Amarone Vigneto Monte Sant’Urbano 2012 e o doce Recioto dela Valpolicella La Roggia 2013.

Entre os lançamentos, avaliamos alguns vinhos que mostram o estilo característico das vinícolas Giuseppe Capagnola e Speri.

 

Soave Classico Le Bine 2016

Giuseppe Campagnola – Vêneto – Itália – Mistral – US$ 31.90 – Nota 90

Branco rico de aromas, com bom frescor, produzido com 70% Garganega e 30% Trebbiano di Soave provenientes do prestigiado vinhedo Monte Foscarino. Seco, largo em boca, tem estrutura, boa acidez e equilíbrio. A fruta madura é outro destaque (13%).

 

Valpolicella Classico Le Bine 2015

Giuseppe Campagnola – Vêneto – Itália – Mistral – US$ 34.50 – Nota 90

Corte das castas locais Corvina Veronese, Corvinone e Rondinella, é elaborado com 15% de uvas passificadas por 60 dias, que provocam uma segunda fermentação quando adicionadas ao mosto. Depois amadurece em tonéis de 5 mil litros feitos com carvalho da Eslavônia. O resultado é um tinto de corpo médio, frutado e macio. Mostra notas florais e de cereja e é bem gostoso (13%).

 

Valpolicella Ripasso Classico Superiore 2015ri – Vêneto – Itália – Mistral – US$ 65.90 – Nota 91

Tinto frutado e suculento, produzido com 70% Corvina Veronese, 20% Rondinella e 10% de outras variedades autóctones com a técnica do Ripasso, em que o vinho original refermenta em contato com as borras dos Amarone da casa. Seus aromas intensos trazem notas florais e de chocolate, em base de ameixa e cereja. Em corpo médio, tem boa acidez e frescor, é macio, equilibrado e elegante. Além disso, mostra grande aptidão para comida. Delicioso (13,5%).

 

Sant’Urbano Apassimento Valpolicella Classico Superiore 2014

Speri – Vêneto – Itália – Mistral – US$ 73.90 – Nota 92

Mostra até onde pode chegar um Valpolicella de classe elevada – nada a ver com os tintos populares vendidos nas tradicionais cantinas italianas de São Paulo. As uvas que entram em sua composição são originárias do festejado terroir de Monte Sant’Urbano, na proporção de 70% Corvina Veronese e Corvinone, 20% Rondinella, 5% Molinara e 5% de outras castas locais. São passificadas por 20 a 25 dias e depois o vinho repousa por 18 meses em barricas de 500 litros de carvalho francês. Um vinho concentrado, que lembra ao nariz ameixa em compota e uva passa, com notas florais, tostadas e de chocolate. Apresenta bom corpo, é estruturado, tem taninos firmes, maduros e final longo, bastante agradável (13,5%).

 

Amarone Vigneto Monte Sant’Urbano 2012

Speri – Vêneto – Itália – Mistral – US$ 185 – Nota 93

Tinto monumental, produzido com uvas selecionadas do principal vinhedo da casa, passificadas por até quatro meses. No corte final há 70% Corvina Veronese e Corvinone, 25% Rondinella e 5% Molinara. Aromas complexos, com notas florais, de ervas secas e especiarias, em fundo frutado a ameixa e figo. É encorpado, levemente alcoólico, mas compensa tudo isso com boa fruta, taninos maduros e fineza (15%).


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