Qualimpor traz novas safras dos bons vinhos da Quinta dos Murças, do Douro

A importadora paulista Qualimpor, comandada por João Roquette, apresentou esta semana safras mais recentes dos brancos, rosés e tintos produzidos no Douro, Nordeste de Portugal, pela Quinta dos Murças. A propriedade pertence à Herdade do Esporão, uma das principais vinícolas do Alentejo, no Sul português. A prova, conduzida pelo enólogo José Luis Moreira da Silva, começou com a linha de entrada Assobio 2016, passando depois ao tinto Minas 2016. O final foi reservado para os top da casa, os tintos Margem 2016, Quinta dos Murças Reserva 2011 e o espetacular VV47 2012.

A Quinta dos Murças, adquirida em 2008 pelo grupo alentejano fundado por José Roquette (irmão mais velho de João Roquette), é conhecida desde o século XVIII. Localiza-se em Covelinhas, no início do Cima Corgo – uma das três grandes zonas em que o Douro se divide – mas sofre a influência do clima mais úmido e fresco do Baixo Corgo. Tem 150 hectares de terras, dos quais 48 ha. plantados com vinhedos, todos classificados com a letra A, a mais valorizada na região. No meio, há 20 hectares de preciosas vinhas velhas, de uvas misturadas, como se usava antigamente.

A propriedade pertencia aos herdeiros do industrial Manoel Pinto de Azevedo e ficou mais de 40 anos quase sem uso. Como tiveram que começar tudo de novo, das vinhas à adega, os novos donos procuraram fazer bem feito. A parte técnica ficou sob a responsabilidade do respeitado enólogo australiano David Baverstock, o mesmo que responde pelos vinhos do Esporão.

David ainda dedica atenção à Quinta dos Murças, mas desde 2015 a produção da vinícola é chefiada pelo jovem enólogo José Luis Moreira da Silva, 37 anos, que conhece bem o Douro – trabalhou vários anos com o experiente José Maria Soares Franco, primeiro na Sogrape e depois na Duorum.

 

Diferencial

“A Quinta dos Murças é única no Douro e muito especial”, diz José Luis. O clima mais frio do que o normal na região duriense proporciona naturalmente vinhos com boa acidez e frescor. A propriedade situa-se na margem direita do rio Douro, com exposição majoritária a Sul, que oferece mais horas de sol para a maturação das uvas.

Trabalho realizado em conjunto com especialistas franceses mostrou que a quinta tem grande diversidade, com oito terroirs distintos, marcados por diferentes altitudes para os vinhedos, exposições solares, solos xistosos e pela extensão de 3,2 km de margem de rio. Outro diferencial são as vinhas plantadas na vertical, incluindo a primeira conduzida desta maneira no Douro, já em 1947.

O manejo das vinhas é integrado e natural. Atualmente, toda a quinta está em processo de certificação orgânica. José Luis explica que na adega utiliza leveduras naturais e não faz correções químicas.

 

Os vinhos

A gama de entrada é formada pela série Assobio, que leva o nome da vinha de que provém. Ali há ventos frequentes, cujo ruído característico rompe o silêncio local. É a única exposta a Norte na quinta, em cota alta – vinhedos plantados entre 300 e 400 m de altitude. São vinhos mais leves, fáceis, menos concentrados.

A seguir vem o Minas 2016, tinto da gama média, cuja marca é o estágio em cubas de concreto (R$ 170 – Nota 90/100). O nome se deve ã presença de cinco minas de água naquele ponto da quinta, que ajudam a refrescar o ambiente.

No topo, três tintos de exceção, de produção limitada e preços condizentes com sua qualidade. O Margem 2016 se origina de vinhas plantadas em 1980 junto à margem do Douro, em que se misturam Touriga Franca e Touriga Nacional (R$ 470 – 92/100). Já o Quinta dos Murças Reserva 2011, de estilo tradicional, é o clássico da casa, feito a partir de vinhas velhas (R$ 410 – 92/100). Por fim, o estupendo VV47 2012, assim chamado para lembrar que nasce da mais antiga vinha vertical do Douro, de 1947, uma field blend, ou seja, com castas misturadas (R$ 870 – 94/100).

A Quinta dos Murças produz ainda um excelente Porto Tawny 10 Anos (R$ 430 – 92/100) e, nos melhores anos, Porto Vintage. A Qualimpor está comercializando agora o magnífico Porto Vintage 2011 (R$ 660 – 94/100).

Pela boa relação entre preço e qualidade, vamos destacar aqui a linha Assobio, formada por brancos, rosés e tintos frutados, frescos e bastante versáteis para acompanhar comida.

 

Assobio Branco 2016

Quinta dos Murças/Esporão – Douro – Portugal – Qualimpor – R$ 100 – Nota 90

Branco fresco, nada pesado, cítrico, composto por um variado lote de uvas típicas da região, como Viosinho, Rabigato, Verdelho, Gouveio, Arinto e Códega do Larinho. Não tem passagem por madeira, mas repousou em contato com as borras finas. Nos aromas gostosos há notas de pêssego, minerais e de ervas, em meio aos cítricos. Na boca é amplo, com acidez firme, um vinho que se bebe muito bem (12,5%).

 

Assobio Rosé 2016

Quinta dos Murças/Esporão – Douro – Portugal – Qualimpor – R$ 100 – Nota 89

Com bela cor salmão, é um rosé delicado na boca, mas com boa estrutura, produzido com Rufete, Touriga Nacional e Tinto Cão. O enólogo José Luis Moreira da Silva diz que a personalidade deste vinho é dada pela Rufete, de vinhas com 30 anos de idade, que entra com cerca de 15% do lote. A casta, comum na Beira Interior e autorizada no Douro, não é de trato fácil. Quando amadurece bem, dá vinhos aromáticos, frutados, delicados, sem serem diluídos. O Assobio rosado lembra ao nariz frutas vermelhas maduras, como cereja e morango. No estilo da Provence, é seco, mantem a base frutada e mostra muito boa acidez e frescor (13,5%).

 

Assobio Tinto 2016

Quinta dos Murças/Esporão – Douro – Portugal – Qualimpor – R$ 100 – Nota 89

Tinto com estrutura média, mas boa concentração, elaborado com Touriga Nacional, Tinta Roriz e Tinta Franca. Teve ligeira passagem por madeira – 20% do lote estagiou durante 6 meses em barricas usadas de carvalho francês. Na soma de tudo, um vinho integrado, correto, fácil, com boa fruta madura, acidez agradável e frescor final (13%).

Importadora Qualimpor : www.qualimpor.com.br – Fone: (11) 5181-4492

 

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